Ainda não foi na época 2021/2022 que voltou a normalidade ao futebol. A pandemia da Covid-19 tem tido o seu impacto nas mais variadas ligas, provocando muitas ausências na maioria dos plantéis por essa Europa fora. Ainda assim, analisando os principais campeonatos no Velho Continente, chega-se à conclusão que quase todas as equipas estão onde deveriam estar, isto em termos de tabela classificativa. Apesar disso, e como também é normal em todas as temporadas, tem havido algumas desilusões e outras surpresas nas ligas mais importantes no futebol europeu. 

Inglaterra: Manchester United a desilusão, West Ham entre as surpresas

Não resta grandes dúvidas que a Premier League é a competição mais apaixonante e intensa da atualidade. É aqui que moram as melhores equipas, os treinadores mais conceituados e os craques que todos querem ver (com exceção de alguns que andam por Espanha, Itália, Alemanha e França, claro). 

O Manchester City, campeão em título, acaba 2021 em primeiro e tem atrás de si Liverpool e Chelsea. Estas três equipas parecem estar acima de qualquer outra formação na Premier League e isso inclui os outros três grandes do futebol inglês: Arsenal, Tottenham e Manchester United. E os red devils parecem ser a principal desilusão desta primeira metade da época. 

Se o título já é uma miragem, o principal objetivo depois desse também não está fácil. Falamos do acesso à próxima edição da Liga dos Campeões. É que o Manchester United está fora dos quatro primeiros há muitas jornadas e, mesmo com a troca de treinador (saiu Ole Gunnar Solskjaer e entrou Ralf Rangnick), as exibições não têm sido as esperadas. O título foge ao clube desde 2012/13 e não ganha qualquer troféu há quatro anos (os últimos foram com José Mourinho). Muito pouco para uma equipa que tem tantos craques no plantel, como Ronaldo, Bruno Fernandes, Maguire, Pogba, Sancho, Rashford, Greenwood, entre outros.

Se o Manchester United é a desilusão desta primeira metade da temporada, o West Ham é uma das surpresas, apesar de ter perdido algum gás em dezembro, um mês que por norma é difícil para as equipas, devido à sucessão de jogos, ainda para mais em emblemas cujos plantéis são mais curtos, o que dificulta a rotação. No caso dos londrinos, andaram muito tempo no quarto lugar, o último que garante acesso à próxima Champions e à frente de equipas como Arsenal, Tottenham e Manchester United. Para se ter noção da qualidade da formação orientada por David Moyes, os hammers venceram Liverpool e Chelsea a perderam pela margem mínima com o líder Manchester City. 

Itália: Juventus em recuperação, Vlahovic com Fiorentina às costas

Em Itália, tal como em Inglaterra, o campeão lidera a competição. Depois de um mau início de temporada, o Inter Milão foi lentamente subindo na classificação e já ocupa o topo da tabela da Serie A. Recorde-se que os nerazzurri chegaram a ter menos sete pontos que AC Milão e Nápoles, mas não perderam a cabeça e, vitória após vitória, foram encurtando a distância, até que chegaram mesmo a ultrapassar os rivais. Tal como aconteceu na última temporada, os rossoneri são o conjunto que mais luta dá aos campeões, ocupando a segunda posição. Segue-se Nápoles e Atalanta, formações que estão à frente da Juventus, atual quinta classificada.

Para quem não segue tanto a liga italiana, a posição da vecchia signora não choca ninguém, até porque, na última temporada acabou em quarto lugar e perdeu no Ronaldo em cima do fecho de mercado, o que não deu grande margem para o clube encontrar um substituto à altura. Mas a verdade é que o início de época dos comandados de Massimo Allegri foi muito penoso e as coisas só melhoraram recentemente – ainda assim, já estão a 12 pontos da liderança. 

A primeira vitória só chegou à quarta jornada e as exibições têm ficado muito aquém do que se espera de uma equipa que venceu nove campeonatos consecutivos. Se tivermos em linha de conta que a Juve só venceu dez jogos em 19 jornadas já disputadas, é pouco para uma equipa que quer ser campeã. Nas últimas rondas, os resultados melhoraram, o que permitiu à formação de Turim subir umas posições na tabela, ultrapassando os rivais da capital (AS Roma e Lazio).

Em sétimo lugar encontramos a equipa que mais tem surpreendido esta temporada. 13ª classificada na última época, a Fiorentina conta com o jogador revelação da Serie A, o avançado Dusan Vlahovic, melhor marcador da competição, com 16 golos, e que tem meia Europa atrás de si. O conjunto de Florença tem os mesmos pontos que a AS Roma, está a dois da Juventus e apenas a quatro da Atalanta, que ocupa a última vaga que dá acesso à Liga dos Campeões.

Espanha: Barcelona e At. Madrid longe da liderança, Bétis e Rayo nas nuvens

Se a liga espanhola acabasse agora, FC Barcelona estaria fora das próximas competições europeias, isto através de apuramento direto via campeonato, enquanto o Atlético Madrid ter-se-ia que contentar com a Liga Europa. Por outro lado, as vagas de acesso à Champions teriam clubes como Sevilha (2º), Bétis (3º) e Rayo Vallecano (4º). Se os sevilhanos estão habituados a andar nestas posições, o rival da cidade nem por isso e muito menos a formação de Madrid, que subiu esta temporada ao escalão principal. Em primeiro lugar segue destacado o Real Madrid, com mais oito pontos que o segundo classificado.

Por esta introdução percebe-se que Barça e Atlético Madrid são as desilusões desta primeira metade da temporada, enquanto Bétis e Rayo Vallecano são as surpresas. O Barça está já a 18 pontos da liderança e os colchoneros a 17 – nunca nos dez anos que Diego Simeone leva no comando técnico do Atlético Madrid, o clube esteve com diferença pontual tão grande para o rival da cidade. Na Catalunha, a mudança de treinador (saiu Koeman e entrou Xavi) não se traduziu em melhores resultados, já que quando o antigo treinador do Benfica saiu dos culé a diferença para os merengues era de 10 pontos e agora quase dobrou.

A cidade de Sevilha vive momentos de euforia, com os adeptos a não se lembrarem da última vez em que os dois clubes rivais andaram ao mesmo tempo pelos primeiros lugares da classificação. A equipa orientada por Manuel Pellegrini tem dois portugueses no plantel – Rui Silva e William Carvalho – e as principais figuras da formação têm sido Nabir Fekir e o avançado Juanmi, que leva 11 golos em 16 jogos na liga espanhola.

Tal como acontece no Bétis, também o Rayo Vallecano conta com dois portugueses no plantel. São eles Kévin Rodrigues e Bebé – este último vai na sua terceira passagem pelo clube. Além destes dois nomes, há outro bem familiar: é o avançado colombiano Radamel Falcao, que já apontou cinco golos na liga. Vários atletas têm estado em bom plano, mas a principal figura deste conjunto é, muito provavelmente, o treinador Andoni Iraola, de 39 anos. Enquanto jogador, representou o Athletic Bilbao, sendo o quarto com mais jogos na história dos bascos. No início da temporada, e depois de ter subido o Rayo à primeira,  Iraola avisou que não ia ser fácil bater a sua equipa e o futuro deu-lhe razão. Nem o mais otimista dos adeptos sonharia chegar ao fim de 2021 a fechar o pódio no campeonato.

Alemanha: Friburgo a revelação, Leipzig fragilizado pelas saídas

Pelo que se tem visto até agora, ainda não vai ser esta temporada que a Bundesliga vai ter um campeão diferente, já que o Bayern Munique parece embalado para o décimo título consecutivo. Ao cabo de 17 rondas, os bávaros já têm nove pontos de avanço sobre o eterno rival, o Borussia Dortmund. Nas últimas temporadas, a outra formação que tem tentado bater o pé ao eterno campeão é o Leipzig, mas este ano as coisas não estão a correr bem ao clube do universo Red Bull. 

Atualmente em décimo lugar, e a 21 pontos do primeiro lugar, a equipa até já mudou de treinador, mas nos últimos cinco jogos só venceu uma partida. Para esta época, convém relembrar que o clube perdeu o técnico dos últimos anos (Julian Nagelsmann rumou ao Bayern Munique), os dois centrais (Dayot Upamecano saiu para os bávaros e Konaté rumou ao Liverpool) e o médio capitão, Marcel Sabitzer, que se juntou ao campeão. Ao nível das entradas, destaque para a contratação do português André Silva, que custou 23 milhões de euros.

Se o Leipzig está aquém das expectativas, o Friburgo anda dar muitas alegrias aos seus adeptos. O décimo classificado da última edição da Bundesliga ocupa atualmente a terceira posição e chegou mesmo a ocupar a vice-liderança do campeonato durante algumas rondas. Esta época já venceu o Borussia Dortmund e o Bayer Leverkusen, empatou com o Leipzig e perdeu pela margem mínima na visita ao campo do Bayern Munique (1-2). Numa formação sem grandes estrelas, o defesa Lienhart, os médios Jeong Woo-Yeong e Grifo e o avançado Höler têm estado em bom plano no conjunto comandado por Christian Streich, ele que é o treinador há mais tempo à frente da mesma equipa na liga alemã – vai para a décima temporada no comando técnico no Friburgo.

França: Lille e Lyon irreconhecíveis, Nice no bom caminho

Em França está a imperar a lei do mais forte, com o PSG a liderar de forma destacada o campeonato, com mais 13 pontos que Nice e Marselha e 15 que Rennes e Montpellier. É preciso olharmos para o oitavo lugar para encontrar o campeão em título, o Lille, e para o 13º posto para descobrirmos o Lyon, a única equipa em França a conquistar sete títulos consecutivos. Posto isto, está na cara que Lille e Lyon são as equipas que mais têm desiludido nesta primeira metade da temporada. Por outro lado, o Nice tem surpreendido e já se nota claramente o dedo do treinador Christophe Galtier, que chegou este ano ao clube, depois de quatro temporadas no comando técnico do Lille, de onde saiu no fim da época passada com o título no bolso.