Chegou a hora dos candidatos se enfrentarem em quatro duelos que espelham o estado atual da liga: estrelas em ascensão contra MVPs consagrados, ataques em ebulição contra defesas de elite, equipas que chegaram mais cedo do que o esperado e outras que não podem falhar. Há talento em abundância, tensões acumuladas e uma certeza comum a todos: já não há margem para errar na segunda ronda dos playoffs da NBA, competição que podes acompanhar no site Betano.pt, onde tens também a oportunidade de fazer as tuas apostas e assistir aos jogos em direto através do Livestream.

Cleveland Cavaliers vs. Indiana Pacers: Disciplina contra improviso

As meias-finais do Este juntam duas equipas com modelos distintos de ataque e dinâmicas semelhantes de profundidade. Os Cleveland Cavaliers foram a equipa mais dominadora da primeira ronda, com uma varridela aos Miami Heat marcada por uma exibição ofensiva histórica: 136.2 pontos por 100 posses de bola, 63% de eficácia de lançamento e um diferencial ofensivo de +24.2 face à média defensiva dos Heat na fase regular. Já os Indiana Pacers surpreenderam novamente com a sua fluidez e versatilidade, atropelando os Milwaukee Bucks em cinco jogos. É uma série que opõe a máquina meticulosa de Cleveland ao caos organizado de Indiana.

O equilíbrio ofensivo dos Cavs assenta no encaixe aperfeiçoado entre Donovan Mitchell, Darius Garland, Evan Mobley e Jarrett Allen, com um sistema de movimento constante e decisões rápidas que punem qualquer desajuste defensivo. A lesão de Garland no dedo do pé trouxe Sam Merrill para o cinco inicial, com Mitchell a assumir mais responsabilidade na organização e a responder com autoridade. Do outro lado, Tyrese Haliburton é o maestro de uma equipa com cinco atiradores e múltiplas ameaças secundárias. Desde que recuperou da lesão, reencontrou a sua cadência e liderou Indiana com média de 11.6 assistências frente a Milwaukee. Quando joga com Pascal Siakam e Myles Turner, os Pacers apresentam um “net rating” — diferença entre eficiência ofensiva e defensiva — de +8.6.

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A defesa de Cleveland parte do núcleo Mobley–Allen, talvez a melhor dupla de proteção de cesto da liga, e será posta à prova pela mobilidade dos jogadores grandes de Indiana, sobretudo Turner, que poderá obrigar Allen a sair da sua zona de conforto no perímetro. Mas a maior dúvida está na contenção de Haliburton: nem Mitchell nem Garland o conseguem travar no drible, e Max Strus ou De’Andre Hunter terão de assumir esse papel com apoio de Isaac Okoro, que está na periferia da rotação. Indiana, por seu lado, tem em Andrew Nembhard e Aaron Nesmith duas âncoras defensivas para a missão de travar Mitchell e Garland, mas terá de esconder Haliburton — possivelmente em Strus — e lidar com o risco de ver o seu base exposto em situações de dois contra dois.

Apesar de Indiana ter vencido três dos quatro duelos da fase regular, só um deles contou com Haliburton em campo e os dois mais recentes foram disputados com ambas as equipas a poupar os titulares. A única amostra relevante foi o duplo confronto de janeiro, com uma vitória clara para cada lado. A série promete ritmo elevado, ataques eficazes e decisões no limite — ambas as equipas estão no topo da liga em jogos decididos nos últimos minutos. Entre duas equipas que vivem do detalhe no ataque e lideram a NBA em jogos decididos nos últimos minutos, tudo aponta para uma série longa, equilibrada e imprevisível, e onde cada posse poderá decidir o rumo do Este.

Boston Celtics vs. New York Knicks: Eficiência contra resistência

O reencontro entre Boston Celtics e New York Knicks nos playoffs, doze anos depois do último embate, traz à superfície uma das rivalidades mais antigas da NBA, mas também expõe o fosso que hoje separa as duas equipas. Boston venceu os quatro confrontos da fase regular com uma eficiência ofensiva média de 130.2 pontos por 100 posses de bola, número que representa o pior rácio defensivo dos Knicks contra qualquer adversário em 2024-25. A diferença de rendimento exterior é gritante: os Celtics marcaram mais 39 triplos do que New York nesses quatro jogos — uma das maiores discrepâncias da história da liga numa série da fase regular. A equipa de Joe Mazzulla lidera a NBA em triplos tentados e convertidos, e tem um núcleo de seis jogadores capazes de intercalar funções e castigar qualquer falha. New York, por sua vez, depende mais da inspiração individual de Jalen Brunson e da resiliência coletiva do que de qualquer automatismo ofensivo fiável.

O plano dos campeões em título é simples na teoria e devastador na prática: forçar trocas defensivas que isolem os seus criadores (Jayson Tatum, Jaylen Brown, Derrick White) contra os alvos mais frágeis do outro lado, Jalen Brunson e Karl-Anthony Towns. Só Towns foi envolvido na defesa de 134 situações de bloqueio direto contra Boston durante a época, mais do que qualquer outro defensor. Já Brunson foi o defensor do bloqueador em 31 ocasiões, número relevante para um base, e os Celtics terão todo o gosto em arrastá-lo para ações laterais e espaçar o campo. Mesmo quando OG Anunoby e Josh Hart travam Tatum e Brown no 1×1, a agressividade de Boston garante desequilíbrios. Sem uma abordagem fora da caixa por parte de Tom Thibodeau, o filme poderá repetir-se.

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A resposta dos Knicks passa por vários microdesafios dentro da série. Hart, Anunoby e Mikal Bridges terão de assumir os tiros que Boston deliberadamente lhes cede — algo que não fizeram na época regular (combinaram 10/46 em triplos contra os Celtics). Towns terá de resistir à tentação de se perder em lançamentos em queda para a retaguarda e procurar castigar fisicamente os “mismatches”, algo que só fez esporadicamente frente a Tobias Harris ou Jalen Duren na primeira ronda. A sua utilização defensiva será igualmente crítica: se for colocado a defender Hart, como em vários jogos da época, terá de sair da zona de conforto e contestar triplos longos de Kristaps Porziņģis. O risco de Boston “esvaziar” a área pintada com cinco atiradores e obrigar Towns a correr quilómetros é real — e pode ditar o ritmo da série.

Mas a chave do lado nova-iorquino pode estar na posse de bola. Contra um adversário que vive do triplo, cada lançamento suplementar conta. Os Knicks terão de proteger a bola, dominar as tabelas ofensivas com Hart e Mitchell Robinson, e acelerar o jogo sempre que possível para fugir ao rigor posicional da defesa de Boston. Brunson precisa de ser brilhante, claro, mas também protegido: se Holiday estiver em forma, o base dos Celtics deverá voltar a ser o seu marcador primário, como nos últimos dois jogos entre as equipas. E até o papel de Miles McBride — ainda à procura de ritmo depois de lesão — pode ser decisivo para dar fôlego e tiro exterior a uma rotação que raramente se estende para além dos cinco de confiança de Thibodeau. Tudo terá de correr próximo da perfeição para que New York possa contrariar a lógica e transformar esta série em algo mais do que uma inevitabilidade estatística.

Oklahoma City Thunder vs. Denver Nuggets: Defesa coletiva contra génio individual

O embate entre dois dos três finalistas ao prémio de MVP – Shai Gilgeous-Alexander e Nikola Jokić – não tem confronto direto, mas simboliza o choque entre dois modelos: o coletivo jovem, profundo e defensivamente sufocante de Oklahoma City contra a inteligência, experiência e génio ofensivo do campeão de 2023. Os Thunder chegam frescos, com uma semana de descanso e minutos geridos após varrerem os Memphis Grizzlies. Já os Nuggets vêm de uma série de sete jogos física e emocionalmente desgastante frente aos Los Angeles Clippers, onde mostraram resiliência, mas também debilidades estruturais que o líder do Oeste poderá explorar.

Os Thunder lideraram a NBA em eficiência defensiva (pontos sofridos por 100 posses de bola), roubos de bola, deflexões e turnovers forçados na fase regular, e mantiveram essa identidade na primeira ronda. Alex Caruso, Cason Wallace, Lu Dort e Jalen Williams formam uma linha de perímetro sufocante, e a dupla Chet Holmgren – Isaiah Hartenstein oferece proteção de cesto e versatilidade. Ao contrário de anos anteriores, Oklahoma City tem agora profundidade suficiente para manter a intensidade nas rotações e soluções táticas para qualquer adversário. Com uma semana de recuperação e preparação, a vantagem física e estratégica está do seu lado.

Denver depende mais do que nunca de Jokić – e os números comprovam-no: com ele em campo, os Nuggets apresentam +10.5 de “net rating”; sem ele, afundam para -9.3. Jamal Murray volta a ser peça-chave, mas enfrentará uma muralha de defensores exteriores preparados para o empurrar para tiros difíceis e decisões apertadas. Os Nuggets poderão testar defesas zona ou 2×1 para retirar a bola das mãos de Shai, obrigando J-Dub, Holmgren e companhia a assumir maior protagonismo – algo para o qual os Thunder parecem prontos, sobretudo se mantiverem o seu ritmo elevado e capitalizarem os erros adversários em transição.

Será uma série marcada por momentos de génio individual, mas provavelmente decidida pelos detalhes defensivos e pela gestão do ritmo. Se os Thunder conseguirem desgastar Jokić, vencer os minutos sem ele em campo e manter a sua agressividade sem perder clareza no ataque, estarão mais próximos de regressar às finais de conferência. Mas os campeões em título já provaram que são mais perigosos quando ninguém aposta neles – e continuam a ter, convém lembrar, o melhor jogador de basquetebol do planeta.

Minnesota Timberwolves vs. Golden State Warriors: Juventude em ascensão contra legado

As meias-finais do Oeste oferecem um choque entre eras e estilos. Os Minnesota Timberwolves, embalados por Anthony Edwards e por um núcleo físico e jovem, enfrentam os experientes Golden State Warriors, que sobreviveram ao sufoco frente aos Houston Rockets com Buddy Hield decisivo, Jimmy Butler frio e eficaz, e Draymond Green a redimir-se com liderança e controlo emocional. A diferença no calendário é significativa: Minnesota teve quase uma semana de descanso; Golden State aterrou em Minneapolis 48 horas depois do Jogo 7.

A chave está no confronto entre o ataque posicional dos Warriors — com Stephen Curry, Jimmy Butler e Draymond Green — e o domínio físico dos Timberwolves, que apostam numa rotação interior poderosa com Rudy Gobert, Julius Randle e Naz Reid. Se conseguirem explorar a falta de proteção de cesto dos Warriors, especialmente quando Kevon Looney não está em campo, os Timberwolves poderão controlar o ritmo da série e castigar nas tabelas.

Do outro lado, os Warriors têm uma arma tática de elite no seu ataque “small ball”, especialmente quando Curry, Butler e Green partilham o campo com espaçamento máximo. Butler assumirá provavelmente a missão de travar Anthony Edwards, e Golden State poderá ainda lançar defensores situacionais como Gary Payton II, Moses Moody ou Brandin Podziemski para alternar ritmos e estilos defensivos. A versatilidade da equipa de Steve Kerr é real e continua a ser uma vantagem.

A série promete drama e tensão. A rivalidade latente entre Draymond Green e Rudy Gobert, a incógnita sobre a continuidade de Jonathan Kuminga na rotação, a consistência de Julius Randle e a ascensão de Anthony Edwards como potencial nova estrela da liga — tudo estará em jogo. Os Timberwolves chegam mais frescos e com mais argumentos físicos. Mas os Warriors, quando jogam com o orgulho ferido, costumam dar luta até ao fim. Se esta for mesmo a última dança deste núcleo, será com sangue, suor e muito coração.

Por Ricardo Brito Reis

Comentador de NBA na Sport TV
Fundador do Borracha Laranja
Host do podcast Bola ao Ar