A França, de Mbappé, e Marrocos, de Hakimi, duas estrelas do PSG, jogam esta quarta-feira a segunda meia-final do Campeonato do Mundo, depois do Croácia-Argentina da véspera. Podes apostar neste grande encontro no site da Betano.pt e fica a saber que a seleção europeia é francamente favorita.

No entanto, Bélgica, Espanha e Portugal também reuniam grande dose de favoritismo diante dos africanos e acabaram derrotados. Este é por isso um jogo a seguir com muito interesse e que, ainda por cima, coloca frente a frente França e uma antiga colónia.

A incrível trajetória de Marrocos

Já não há palavras para definir o que tem sido feito por Marrocos no Catar. Recorde-se que os “Leões do Atlas” são a primeira seleção africana a atingir as semi-finais do campeonato do mundo e fizeram-no muito especialmente graças à sua impressionante competência defensiva: sofreram apenas um golo em cinco encontros e tratou-se de um autogolo do central Nayef Aguerd. Já a atacar, só conseguiu marcar por cinco vezes, ou seja, uma média exata de um golo por jogo, mas tem sido suficiente.

Marrocos começou a sua participação com um empate sem golos diante da Croácia. Um bom resultado diante do vice-campeão mundial, mas ao qual poucos devem ter dado grande relevância. As coisas começar a mudar de figura depois da vitória por 2-0 com a Bélgica, que ajudou a colocar esta equipa de fora do torneio. Na última jornada da fase de grupos, Marrocos bateu o Canadá por 2-1 e terminou em primeiro lugar, com os croatas na segunda posição.

A grande maioria dos adeptos do futebol deve ter pensado que a caminhada marroquina iria terminar nos oitavos de final, aos pés da Espanha, mas depois de um empate sem golos no final dos 120 minutos, os africanos foram mais competentes no desempate por grandes penalidades. Finalmente, nos quartos de final, frente a Portugal, num jogo em que voltou a dar a iniciativa ao adversário mas defendeu de forma soberba, bastou um golo de Youssef En-Nesyri para que a grande surpresa da competição avançasse rumo às meias-finais.

Marrocos tem valido essencialmente pelo coletivo, mas é impossível não mencionar o guarda-redes Bono – frente a Portugal voltou a estar em grande plano -, os defesas Hakimi, Mazraoui, Aguerd e Saiss, o médio Amrabat e o extremo  Ziyech, que sozinho consegue por vezes colocar as defesas contrárias em sobressalto. E ainda Youssef En-Nesyri, atacante do Sevilha FC, que já marcou por duas vezes no neste torneio, mudando o estatuto de “patinho feio” junto dos adeptos. 

O estilo de Youssef En-Nesyri pode ser desengonçado, mas os números falam por ele: foi o único marroquino a marcar em cinco grandes competições consecutivas e sempre são 17 golos em 55 internacionalizações, um número que não sendo excecional não deixa de ser bastante razoável para alguém que muitas vezes não foi titular. Curiosamente, tem tantos golos no Campeonato do Mundo com os alcançados esta temporada no Sevilha FC, ambos na Liga dos Campeões. Ele que soma 15 partidas pelos andaluzes em 2022/23, mas apenas seis no onze inicial.

Há alguns meses, farto dos insultos dos adeptos, Youssef En-Nesyri fez um pedido: “Faço o melhor para ajudar Marrocos no tempo que o selecionador me concede. Os adeptos podem criticar-me, mas por favor, não me insultem. As nossas famílias também têm redes sociais e acabam por ler esses comentários”.

Existe uma grande contrariedade para que Marrocos continue esta história cor-de-rosa no Catar: o elevado número de jogadores lesionados, especialmente no último reduto: os defesas Nayef Aguerd, Romain Saiss e Noussair Mazraoui e ainda o extremo Hakim Ziyech. Os quatro estão em dúvida para enfrentar França e fora do jogo estará o atacante Walid Cheddira, expulso com Portugal.

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França sobre rodas com Mbappé e Giroud “on fire”

França é para muitos o grande favorito à vitória neste Campeonato do Mundo, estatuto que saiu reforçado depois da eliminação do Brasil. Os “bleus” venceram o seu grupo, depois de bateram Austrália por 4-1 e a Dinamarca, por 2-1, o que lhes permitiu assegurar a qualificação para os oitavos de final. Na última jornada, perderam com a Tunísia por 0-1, mas mesmo assim seguraram o primeiro lugar. No primeiro desafio na fase a eliminar, venceram a Polónia por 3-1, seguindo-se um complicadíssimo triunfo diante da Inglaterra por 2-1, numa autêntica final antecipada. 

Mbappé, sem surpresa, tem sido a grande figura dos franceses e, possivelmente, da própria competição. Já marcou por cinco vezes, sendo o melhor marcador desta edição, com mais um golo do que Giroud, seu colega de equipa e do que Lionel Messi. Mbappé que já faturou 9 golos nos dois Campeonatos do Mundo em que participou, somando apenas menos um do que Messi (que já vai no seu quinto Mundial) e mais um do que Cristiano Ronaldo. E tantos como Eusébio, tendo-se tornado o mais jovem de sempre a atingir a marca dos 9 golos, com 23 anos e 349 duas, sucedendo precisamente ao antigo internacional português, que o conseguira aos 24 anos e 182 dias, embora em apenas uma edição.

Giroud, que já aqui referimos, tem sido outro grande destaque nos franceses. Soma já 53 golos pela seleção, mesmo não tendo sido sempre titular, longe disso, sendo o melhor artilheiro da história dos “bleus”, com mais dois golos do que Thierry Henry. De resto, foi Giroud a desfazer o 1-1 no jogo com Inglaterra, quando já se começava a vislumbrar o prolongamento.

Ao contrário de Marrocos, França chega a este jogo sem lesionados e castigados. Mas convenhamos que já teve a sua dose, ao ver-se privado de futebolistas como Benzema, Kanté, Pogba, Nkunku, Maignan e Kimpembe, que nem sequer puderam ser convocados para a competição.

A excelente carreira francesa neste Campeonato do Mundo alterou por completo a situação de Didier Deschamps, que parecia condenado a sair do cargo e, de acordo com muitas notícias, a ser rendido por Zinedine Zidane. No seu contrato com a Federação Francesa de Futebol (FFF) está inscrita uma cláusula de renovação automática desde que a equipa atingisse as meias-finais no Catar. Deschamps sublinhou que, mesmo assim, só continuará no cargo se essa for a vontade da FFF, cujo presidente, Noël Le Graët, já referiu ser a favor da sua continuidade. “Claro que é bom ter conseguido atingir as metas traçadas pela federação, mas há tempo para pensar na minha situação no final do Mundial”, realçou o treinador, que já liderou França na conquista do último Campeonato do Mundo.

França e Marrocos defrontaram-se por cinco ocasiões, com três triunfos dos europeus e dois empates. Curiosamente, este será o primeiro encontro oficial e o último confronto foi em 2007, tendo terminado com igualdade a duas bolas. Será desta que Marrocos vence pela primeira vez? Sendo que até pode nem ter necessidade de consegui-lo para seguir em frente, caso ganhe nas grandes penalidades, como diante da Espanha.