A Taça das Nações Africanas 2023 (CAN 2023) realiza-se entre 13 de janeiro e 11 de fevereiro de 2024, na Costa do Marfim, com sete meses de atraso, pois estava prevista para junho e julho de 2023, de modo a não criar conflitos com o calendário dos clubes europeus. No entanto, acabou por ser adiada, para não colidir com o habitual período de chuvas fortes na Costa do Marfim e quem se “tramaram” foram os emblemas do Velho Continente, que poderão ficar sem os atletas que cedem às seleções africanas durante cerca de mês e meio, caso as equipas que representam cheguem pelo menos às meias-finais. Entre os principais emblemas nacionais, o Sporting (Geny Catamo e Osmane Diomande) e o SC Braga (Niakaté e Simon Banza) cedem dois jogadores cada, o FC Porto um (Zaidu). 

O detentor do título é o Senegal, depois de ter batido o Egito (na altura treinado por Carlos Queiroz) na última edição, realizada em fevereiro de 2022, triunfo que surgiu no desempate por grandes penalidades, depois do 0-0 no final do tempo regulamentar.

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A fase inicial será composta por seis grupos, qualificando-se para os oitavos de final os dois primeiros de cada grupo e os quatro melhores terceiros. Seis estádios vão acolher os jogos, dois dos quais na capital, Abidjan, nomeadamente o Estádio Alassane Ouattara, que receberá a final. Tem capacidade para 60 mil pessoas e foi inaugurado em 2020.

Grupo A: Costa do Marfim, Nigéria, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau

A anfitriã Costa do Marfim (vencedora da CAN em 1992 e 2015) reúne favoritismo neste grupo, mas terá de ter especial atenção à Nigéria, que ganhou o torneio em 1980, 1994 e 2013. 

A Costa do Marfim tem o ponta de lança Sebastien Haller em dúvida, devido a lesão no tornozelo esquerdo, mas conta com outras grandes figuras como o médio defensivo Ibrahim Sangaré, o extremo Nicolas Pépé e Osmane Diomande. O jovem central de 20 anos do Sporting já se assumiu como titular indiscutível nos “elefantes”, sendo mesmo o futebolista mais valioso da sua seleção, de acordo com o site “Transfermarkt” (40 milhões de euros). De resto, em todas as seleções presentes no CAN, só é superado por Mo Salah (Egito) e Akimi (Marrocos), ambos a valerem 65 milhões.

A Nigéria tem passado por tempos conturbados e em novembro empatou as duas primeiras partidas da qualificação para o Mundial 2026, diante de Lesoto e Zimbabué, mas é sempre uma equipa a ter em conta numa fase final. E se na Costa do Marfim não existe uma figura indiscutível acima dos demais, nas “Super Águias” o trono é indiscutivelmente ocupado por Victor Osimhen, o temível ponta de lança do Nápoles. Zaidu, defesa esquerdo do FC Porto, também faz parte dos convocados, tal como Bruno Onyeamechi e Chidozie, ambos do Boavista.

Em teoria, Guiné Equatorial e Guiné-Bissau vão lutar pelo terceiro lugar, que poderá valer a qualificação para os oitavos de final. Será um jogo deste grupo que dará o pontapé de saída na competição (Costa do Marfim-Guiné Bissau, a 13 de janeiro).

Grupo B: Egito, Gana, Cabo Verde, Moçambique

O Egito, treinado pelo português Rui Vitória, é recordista em troféus na CAN, com um total de sete cetros, embora o último já tenha sido em 2010, tendo sido finalista vencido em 2017 e em 2021. Os “faraós” são os claros favoritos neste grupo, prevendo-se que Gana e Moçambique discutam o segundo lugar. 

Mo Salah vai liderar o Egito, com o atacante do Liverpool FC à procura da primeira grande conquista pelo seu país. O Gana, terceira seleção com mais triunfos na competição (quatro) procura regressar aos tempos de glória: já não vence a prova desde 1982 e a última vez que atingiu os quartos de final foi em 2017. Aliás, na última edição nem passou da fase de grupos e existe muita desconfiança no país em relação a uma boa participação nesta fase final. O médio Thomas Partey, lesionado, é ausência de peso no grupo.

As seleções lusófonas Cabo Verde e Moçambique (esta última conta com o leão Geny Catamo) vão tentar surpreender, prevendo-se que Moçambique tenha mais possibilidades de êxito.

Grupo C: Senegal, Camarões, Guiné, Gâmbia

Este é um dos dois “grupos da morte”, juntamente com o Grupo A, aguardando-se por uma luta pelo primeiro lugar entre Senegal (campeão em título, no seu único triunfo) e Camarões, que ganharam a prova por cinco vezes (a última em 2017), sendo apenas superados pelo Egito.

O extremo Sadio Mané continua a ser a figura maior dos senegaleses, mas a grande força da equipa reside na sua grande    consistência defensiva, essencialmente providenciada pelo guarda-redes Edouard Mendy e pelos centrais    Kalidou Koulibaly e Moussa Niakhaté.

Nos Camarões, as estrelas são o guarda-redes André Onana (apesar de algumas exibições pouco felizes no Manchester United)    e o médio centro Frank Anguissa, com o ex-portista Aboubakar a continuar a ser a principal referência ofensiva.

Guiné a Gâmbia parecem partir claramente atrás na luta pela passagem, mas como quatro dos seis terceiros qualificam-se, têm fundadas esperanças de lutar pelos oitavos de final. E, recorde-se, a Gâmbia chegou aos quartos de final na última edição, naquela que foi a sua estreia na prova.

Grupo D: Argélia, Burkina Faso, Mauritânia, Angola

A Argélia, vencedora do CAN em 2000 e em 2019, na penúltima edição, é a grande candidata à vitória neste grupo, tentando apagar a má campanha de 2022, quando não passou da fase de grupos. O ex-sportinguista Islam Slimani continua, aos 35 anos, a ser a principal referência no centro do ataque, mas existem algumas dúvidas acerca da sua condição física, devido a uma lesão numa perna que o tem afetado. A estrela do grupo é o extremo Riyad Mahrez, bem acompanhado pelo defesa esquerdo Rayan Aït-Nouri, pelo médio centro Houssem Aouar e pelo extremo Amine Gouiri. 

O Burkina Faso, quarto classificado na última edição, será em teoria o grande oponente da Argélia neste grupo, como se comprovou na qualificação para o Mundial 2022, quando ambos fizeram parte do mesmo grupo e os dois jogos terminaram empatados.

Angola, treinada pelo português Pedro Gonçalves, não é uma equipa que possa ser desconsiderada, até olhando para algumas boas participações que teve no passado, nomeadamente quando chegou aos quartos de final, em 2008 e em 2010. No entanto, terá de melhorar consideravelmente face ao que tem mostrado caso se queira bater de igual para igual com a Argélia e, até, com o Burkina Faso.

Quanto à Mauritânia, presente na CAN pela terceira vez consecutiva, vai querer provar a sua evolução, tendo sido um excelente sinal ter conseguido eliminar o Gabão na fase de qualificação.

Grupo E: Tunísia, Mali, África do Sul, Namíbia

A Tunísia, cuja única vitória na CAN ocorreu em 2004, apresenta-se como uma das mais sólidas equipas da competição e clara favorita ao triunfo no Grupo E. Ellyes Skhiri, médio defensivo do Eintracht Frankfurt e Montassar Talbi, central do Lorient, são as principais figuras de uma equipa sem grandes estrelas mas com um coletivo forte, ao qual parece no entanto faltar alguma contundência ofensiva.

O Mali, cuja melhor participação na CAN foi em 1972 (finalista vencido) será em teoria o grande oponente dos tunisinos, mas terá de ultrapassar uma grande baixa: o médio defensivo Cheick Doucouré, uma das suas principais figuras, está gravemente lesionado e não voltará a jogar esta temporada. No entanto, o meio campo continua a ser de luxo, formado por Mohamed Camara, Yves Bissouma e Amadou Haidara. No centro da defesa encontramos Niakaté, jogador do SC Braga.

A África do Sul falhou a última edição mas mostrou excelentes momentos na fase de qualificação, em que foi segundo, atrás de um “super Marrocos”, enquanto a Namíbia vai querer surpreender na sua quarta presença na CAN, passando pela primeira vez da fase de grupos.

Grupo F: Marrocos, RD Congo, Zâmbia, Tanzânia

Neste grupo, todos os olhos estão colocados em Marrocos, depois do fantástico Campeonato do Mundo que protagonizou no Catar, em dezembro de 2022, ao chegar às meias-finais. Aparentemente, não existe concorrência à altura neste grupo para os “leões do Atlas” e no país acredita-se que será desta que o jejum de quase 50 anos sem vitórias na CAN vai ser quebrado. Esse foi de resto o seu único cetro. 

Marrocos é uma equipa recheada de estrelas, em quantidade superior à de todas as outras formações presentes nesta CAN, destacando-se o guarda-redes Bono, o lateral direito Achraf Hakimi, o central Nayef Aguerd, o médio defensivo Sofyan Amrabat, o extremo Amine Adli e o ponta de lança Youssef En-Nesyri.

Os “leões do Atlas” poderiam ainda beneficiar de estarem naquele que, aparentemente, é o grupo mais fraco da competição, mas poderá não ser bem assim. O Congo, que ganhou a CAN em 1968 e 1974, é uma equipa bastante equilibrada, contando no ataque com Simon Banza, melhor marcador da Liga portuguesa. Já a Zâmbia, vencedora da CAN em 2012, terminou a fase de qualificação no primeiro lugar do seu grupo. Para a Tanzânia – terceira participação na CAN, nunca tendo passado da fase de grupos – parece estar reservado um papel secundário, mas por vezes acontecem surpresas em fases finais.

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