Quase sempre nas grandes competições de seleções há o chamado “grupo da morte” e, mais uma vez, Portugal faz parte de um deles. Já no Euro 2000, a seleção das quinas integrou o mais difícil, quando foi emparelhado com Alemanha, Inglaterra e Roménia, mas no final das contas, nem se notou, já que Portugal fez o pleno: 3 jogos e outras tantas vitórias. Ronaldo e companhia dão o pontapé de saída na competição no dia 15 de junho, às 17h, em Budapeste, frente à Hungria. Já França e Alemanha medem forças no mesmo dia, mas às 20h, em Munique. Segundo o site da Betano.pt, os gauleses e alemães são favoritos em seguir em frente na prova. Portugal está logo atrás, enquanto a Hungria tem claramente a pior odd, no que se refere a uma possível qualificação para os oitavos de final.
Só para se ter ideia do nível deste grupo, e se juntarmos os títulos das seleções que fazem parte dele, temos seis títulos de campeão europeu e quatro finais perdidas. França foi campeã em 1984 e 2000 e finalista vencido em 2016, aos pés de Portugal, que se sagrou campeão pela primeira vez há cinco anos e perdeu a final de 2004, em casa. Já a Alemanha apresenta três conquistas nesta competição, em 1972, 1980 e 1996, e duas finais perdidas, em 1992 e 2008. De salientar ainda que nos dois títulos gauleses, estes eliminaram Portugal nas meias-finais e em ambas as situações a vitória francesa deu-se no prolongamento. No caso da Hungria, o melhor que conseguiu foi um terceiro lugar em 1964.
A nossa Seleção chega à fase final depois de ter registado 5 vitórias, dois empates e uma derrota na qualificação para o Euro 2020. A derrota em outubro na Ucrânia foi a primeira sofrida por Portugal sob o comando de Fernando Santos num jogo do Euro. Desde que o técnico assumiu o cargo, em setembro de 2014, que as suas únicas derrotas anteriores tinham sido em Mundiais. Ronaldo foi o melhor marcador na fase de apuramento, com 11 golos, mas até agora, o capitão português nunca conseguiu ser o artilheiro-mor numa fase final, fosse Europeu ou Mundial.
Este é, provavelmente, o conjunto de jogadores mais talentoso que Portugal já teve, isto no que se refere à quantidade de qualidade que há nas várias posições. Se em gerações anteriores, havia sempre uma ou outra posição mais fraca, nesta equipa atual, até os suplentes seriam titulares em muitas outras seleções.
Numa lista com 11 campeões europeus em 2016, a principal novidade nos convocados de Portugal é o estreante Pedro Gonçalves, que se sagrou melhor marcador da liga portuguesa, com 23 golos. Do Sporting foram também chamados Nuno Mendes, lateral esquerdo que tem meia Europa atrás dele, e o médio defensivo Palhinha. FC Porto e Benfica fornecem um jogador cada: Sérgio Oliveira e Rafa Silva.
Há muita gente nesta lista que fez grandes épocas: João Cancelo e Rúben Dias no Manchester City, André Silva no Eintracht Frankfurt, José Fonte e Renato Sanches no Lille, Bruno Fernandes no Manchester United, sem esquecer Diogo Jota no Liverpool ou Ronaldo em Itália, que mesmo numa época má da Juventus, sagrou-se o melhor marcador da Serie A, sendo o primeiro jogador na história do futebol a ser o artilheiro máximo em Itália, Espanha e Inglaterra.
Os atuais campeões mundiais garantiram facilmente a qualificação para este Europeu, depois de 8 vitórias, um empate e uma derrota na fase de apuramento. Olivier Giroud foi o melhor marcador dos gauleses, com seis golos. A França chega à competição como um dos principais favoritos ao título, isto depois de ter perdido a final em 2016, frente a Portugal. A principal novidade na convocatória é o regresso de Benzema à seleção, cinco anos depois. A ausência prolongada do avançado do Real Madrid esteve relacionada com um caso de extorsão ao seu compatriota Mathieu Valbuena. Do ponto de vista estritamente desportivo, sem dúvida que o ponta de lança do Real Madrid justifica a chamada à equipa nacional. Realizou excelente época ao serviço do Real Madrid (30 golos em 46 jogos oficiais) e agora vai tentar ter rendimento semelhante ao serviço de França, onde os seus números estão longe de ser fantásticos para um futebolista do seu gabarito, apresentando uma média de 0,33 golos por jogo.
Mas mesmo sem Benzema, os franceses já eram temidos, ou não tivessem sido campeões do mundo, em 20018, sem ele. Antoine Griezmann, melhor jogador e goleador-mor do Euro 2016, Kylian Mbappé, Raphaël Varane e Pogba são apenas algumas das estrelas que fazem parte desta geração incrível de jogadores gauleses. A França vai participar na sua 13ª fase final consecutiva de um grande torneio e chegou a cinco finais nessa série, tendo vencido três delas.
Juntamente com a Espanha, é a seleção com mais conquistas em Europeus, com três títulos. Na última edição, em 2016, os alemães perderam nas meias-finais, frente à França, por 2-0, que será o primeiro adversário nesta competição. A fase de apuramento foi tranquila para os germânicos, com 7 vitórias e uma derrota em 8 jogos – Serge Gnabry, com oito golos, foi o melhor marcador.
Este Euro 2020 marca ainda a despedida de Joachim Löw da seleção, ele que ocupava o cargo desde 2006 e conduziu a equipa à conquista do Campeonato do Mundo de 2014. Para o seu lugar já foi contratado Hans Flick, que trocou o Bayern Munique pela “Mannschaft”. Na lista de convocados destaque para os regressos dos veteranos Muller e Hummels, que tinham sido afastados da equipa principal, numa tentativa de rejuvenescer a seleção, algo que não correu muito bem.
Joachim Löw deixou de contar com os dois jogadores em 2018, após a deceção no Mundial2018 e na Liga das Nações, com a seleção germânica a ser eliminada na fase de grupos. “No momento foi a decisão certa [de abdicar de Hummels e Müller], queríamos impulsionar a renovação e dar tempo de jogo aos mais jovens. Mas agora devemos recorrer a eles, sobretudo depois da grande época que fizeram”, justificou Löw. Destaque ainda para nomes como Neuer, na baliza, Gündoğan e Kroos no meio-campo e Serge Gnabry, Leroy Sane (Bayern Munique) e Timo Werner no ataque. Esta é a 26ª presença consecutiva da Alemanha num grande torneio, seja ele Mundial ou Europeu.
Será um feito enorme se a Hungria conseguir passar a fase de grupos do Euro 2020, tendo em conta os três adversários que tem pela frente. A seleção orientada pelo italiano Marco Rossi apurou-se através do Play-off, com vitórias frente à Bulgária e Islândia. Em 2016 chegou aos oitavos do Euro 2016, sendo goleada pela Bélgica (4-0).
Dominik Szoboszlai, médio de 20 anos do Leipzig, é a principal figura da seleção, mas chega a esta fase depois de uma longa paragem. Contratado pelo RB Leipzig ao Red Bull Salzburg no último mercado de inverno, ainda aguarda a estreia na equipa alemã, devido a uma grave lesão. Refira-se que a escolha pelos germânicos foi um pouco surpreendente, pois chegou a ser falado para clubes de maior dimensão, como Barcelona, Real Madrid ou Bayern Munique. Alguns meses antes, Benfica e FC Porto também terão chegado a pensar no jovem craque.
Mesmo não estando ainda a 100 por cento, a sua importância na seleção húngara é tão elevada que foi chamado para este Campeonato da Europa. Isto apesar de não somar um único minuto em campo desde 20 de dezembro de 2020, ainda no Red Bull Salzburg. Recorde-se que foi ele o autor do golão decisivo com a Islândia, que colocou os magiares no Campeonato da Europa.
Outras duas referências desta seleção são o central Willi Orban e o guarda-redes Peter Gulacsi, também eles jogadores do Leipzig A Hungria esteve presente em duas meias-finais nas primeiras quatro edições do torneio, em 1964 e 1972, mas só voltou a conseguir participar em 2016. E agora repete o apuramento para a fase final da prova.