E tudo se resume à última corrida. Lewis Hamilton, da Mercedes, e Max Verstappen, em Red Bull, chegam à última corrida do campeonato exactamente como começaram: empatados. À partida para o GP de Abu Dhabi, ambos vão ter os mesmos 369,5 pontos, algo que acontece apenas pela 2ª vez na história da Fórmula 1. A primeira ocasião foi em 1974, quando Emerson Fittipaldi e Clay Regazzoni entraram para a última corrida com os mesmos pontos. Curiosamente, nenhum deles venceu a última corrida, nos Estados Unidos, e a vitória do Mundial pendeu para o brasileiro que terminou a corrida à frente do rival suíço.
A poucos dias das primeiras volta no Circuito da Marina, em Abu Dhabi, Lewis Hamilton surge como o favorito à vítória no Mundial. Pelo menos nas Odds da Betano que dão quase 1 ponto de vantagem do inglês sobre o holandês da Red Bull. A experiência do heptacampeão mundial, de 36 anos, e a boa forma, com três vitórias consecutivas, associado ao facto deste circuito ser mais à medida dos Mercedes, dá-lhe este favoritismo sobre Verstappen.
No entanto, é Max Verstappen quem parte em vantagem para este grande prémio. Isto porque apesar de terem os mesmos pontos, em caso de empate, o título cai para o holandês que venceu 9 corridas esta temporada, contra as 8 de Hamilton. Refira-se que há apenas duas hipóteses de haver empate no final do campeonato: ou ambos não pontuam, seja por não terminarem a prova, ou por ficarem em lugares fora dos pontos – ou então um deles fica em 9º lugar, o outro fica em 10º, mas soma o ponto extra da volta mais rápida. Só assim pode haver empate. Em situação normal, porém, tal não acontecerá.
As contas do Mundial são simples: quem ficar à frente do outro é campeão. Basta um ponto de diferença para se festejar um dos títulos mais disputados dos últimos anos. Desde 2015, no duelo Rosberg-Hamilton, decidido por cinco pontos, e também na última corrida, que não se via nada assim.
E a rivalidade entre Lewis e Max Verstappen promete ficar para a história, como das maiores rivalidades da Fórmula 1, ao nível de Lauda-Hunt, Prost-Senna, Piquet-Mansell ou Schumacher-Hill. Ao longo da época têm sido muitos os duelos entre os dois pilotos, alguns que até acabaram em acidente, como o célebre caso de Silverstone, com Hamilton a provocar o despiste de Max, ou depois Monza, em que o Red Bull de Verstappen acabou em cima do Mercedes de Lewis.
A última corrida, na Arábia Saudita, foi o culminar de toda essa tensão, com os dois pilotos e levarem a disputa aos limites, com manobras arriscadas, toques, ultrapassagens e contra-ultrapassagens e até alguns insultos pelo meio, captados pelas mensagens via rádio. Alguns dizem até que passou dos limites e receiam pelo que poderá suceder na última corrida da temporada…
Se há pouco dissemos que as contas são simples e que ganha o título quem ficar à frente nesta última corrida, também é verdade que há sempre a hipótese de não terminarem os dois a última prova. E a história da F1 está recheada destas situações, em que os dois candidatos ao título acabam ambos fora, envolvidos um com o outro, em manobras que – claro – beneficiam um deles. Vejamos alguns dos exemplos mais famosos
Foi o duelo que aquece a Fórmula 1 nos anos 80 e 90, com muita tensão dentro das pistas. Os pontos altos foram nas época de 1989 e 1990. Na primeira, quando ambos eram companheiros de equipa, e com Senna a precisar de ganhar, ambos chocaram a poucas voltas do final do GP do Japão. Prost ficou de fora, mas Senna continuou e ganhou a corrida. Acabaria por perder o título após ser desqualificado, na sequência desse acidente. No ano seguinte, já com Prost na Ferrari, outra vez o título decidido entre os dois e na última corrida. Com Prost e Senna lado a lado, os dois colidiram na primeira curva e ficaram ambos de fora, com o brasileiro a segurar o título mundial
À entrada da última corrida, na Austrália, Michael Schumacher, na Benneton, e Damon Hill, da William, estavam separados por apenas um ponto. O alemão sabia que tinha de ficar à frente do inglês para ser campeão, mas também o poderia ser se ambos não terminassem a prova. E foi o que aconteceu.
Com Michael Schumacher na liderança, e Damon Hill a pressionar, o alemão saiu de pista na volta 36. Bateu no muro, mas conseguiu regressar para ficar à frente do inglês que, aproveitando o deslize o rival, tentou a ultrapassagem. Schumacher não facilitou, apesar do percalço, e “fechou a porta” ao homem da Williams. Os dois chocaram em plena curva, o Benneton voou e chocou contra as barreiras, ficando imediatamente de fora, mas Hill continuou. Tinha um furo danos visíveis, pelo que seguiu para a boxe onde o veredicto foi final. Impossível de continuar. E Schumacher foi campeão.