Inglaterra e Itália defrontam-se domingo, às 20h, em Wembley, na final do Euro 2020. Neste duelo de invencíveis, e apesar do favoritismo recair para os ingleses, de acordo com as odds do site da Betano.pt, ninguém tem dúvidas que os italianos foram a maior surpresa da competição. Por isso, espera-se equilíbrio e bom futebol. Com ou sem prolongamento? Com ou sem autogolos? Com ou sem marcação de grandes penalidades? Bem, tudo pode acontecer, como se tem visto ao longo deste Europeu, que irá consagrar o sucessor de Portugal.

Em 2016, edição que deu o título europeu à nossa Seleção, a Itália chegou aos quartos de final, fase em que perdeu nas grandes penalidades com a Alemanha, enquanto a Inglaterra foi eliminada nos oitavos de forma surpreendente pela Islândia. A squadra azzura vai para a sua quarta final em Europeus – venceu em 1968 e foi derrotada em 2000 pela França e em 2012 pela Espanha. Já a Inglaterra o melhor que conseguiu foi duas presenças em meias-finais: em 1968 e em 1996. 

Há 25 anos, Southgate acabava com o sonho inglês

Há 25 anos, a os ingleses organizaram a prova e caíram na marcação de grandes penalidades frente à Alemanha. Depois de um empate a um golo, os germânicos venceram por 6-5, isto depois de Gareth Southgate ter falhado o penálti decisivo. Neste Euro 2020, o selecionador já se vingou dos alemães, conjunto que a Inglaterra eliminou nos oitavos e que não derrotava há mais de 60 anos. Agora, só falta conquistar o título europeu para se livrar para sempre da sombra desse penálti falhado em 1996.

Ao longo da história do futebol, as duas seleções já se defrontaram em 27 ocasiões: 11 triunfos para os italianos, oito para os ingleses e registaram-se ainda mais oito empates, sendo que nos últimos dez duelos, a Inglaterra só venceu dois encontros. A última vez que as duas seleções se defrontaram em Europeus foi em 2012 e o jogo acabou empatado a zero. Nos penaltis a Itália levou a melhor por 4-2.

Seja qual for a seleção que irá suceder a Portugal, uma coisa já é certa: Ben Chilwell, Reece James e Mason Mount, do lado inglês, ou Jorginho, do lado italiano, vão entrar no restrito grupo de jogadores que venceram no mesmo ano a Liga dos Campeões e o Europeu. Em 1964 foi Luis Suárez (Inter e Espanha), em 1988 Hans van Breukelen, Ronald Koeman, Berry van Aerle e Gerald Vanenburg (PSV Eindhoven e Países Baixos), em  2012 Fernando Torres e Juan Mata (Chelsea e Espanha) e em 2016 Cristiano Ronaldo e Pepe (Real Madrid e Portugal).

Italianos tiveram que suar, ingleses com vida mais facilitada

Desde o Europeu de 1984 que não acontecia os dois finalistas terem vencido os respetivos grupos. A Itália fez o pleno no Grupo A, ao bater a Turquia (3-0), Suíça (3-0) e Gales (1-0), já a Inglaterra acabou no primeiro lugar do Grupo D, após vitórias sobre Croácia (1-0) e República Checa (1-0) e um empate com a Escócia (0-0).

Nos oitavos de final os italianos venceram a Áustria (2-1, após prolongamento), nos quartos seguiu-se a Bélgica (2-1) e nas meias-finais a Espanha (1-1, 4-2 nos penáltis). No caso dos ingleses, derrotaram a Alemanha (2-0) nos oitavos, golearam a Ucrânia nos quartos de final (4-0) e venceram a Dinamarca (2-1, após prolongamento) nas meias. Neste jogo, registou-se o 11º autogolo do Euro2020, que foi da autoria do capitão dinamarquês Simon Kjaer. Mais dois do que nas 15 anteriores edições juntas. 

Portugal, com os dois golos na própria baliza frente à Alemanha, por intermédio de Rúben dias e Raphael Guerreiro, tornou-se a primeira seleção europeia a marcar dois autogolos num jogo de uma grande competição. Por outro lado. a Espanha foi a seleção mais beneficiada, com três autogolos a seu favor. Em 2016, por exemplo, só foram marcados três autogolos.

Itália atrás do recorde de invencibilidade do Brasil

Quatro vezes campeã mundial (1934, 1938, 1982 e 2006) e presente na prova em 14 edições consecutivas, a Itália falhou o apuramento para o Mundial de 2018, 60 anos depois da última vez. Poucos meses depois, a 10 de setembro de 2018, e em jogo a contar para a Liga das Nações, Portugal vencia por 1-0 a Itália, com golo de André Silva. E desde então muita coisa mudou. Quase três anos depois, a squadra azzurra ainda não voltou a sentir o sabor da derrota. São 33 jogos sem perder (27 vitórias e seis empates) e encontram-se apenas a três do recorde de invencibilidade do Brasil. Entre dezembro de 1993 e janeiro de 1996, a canarinha, na altura treinada por Carlos Alberto Parreira e depois por Mário Zagallo, esteve invicta em 36 partidas consecutivas. Os comandados de Roberto Mancini, que renovou recentemente o contrato com a Federação italiana até 2026, já bateram o recorde de 32 jogos da Argentina de Alfio Basile e têm ainda na mira os 35 encontros sem perder da Espanha. 

“A Bélgica tem Lukaku, na França Mbappé é assustador, Portugal tem a sua joia, CR7, mas com a Itália é difícil para mim escolher. E isso é uma vantagem. A Itália é a grande surpresa, a novidade do torneio. Joga um futebol ofensivo sem cálculos, tem uma organização defensiva com provas dadas e juventude no bloco principal com entusiasmo e velocidade. Vejo um grupo unido que sabe o que está em jogo Mancini teve ideias claras, manteve o desenho durante três anos e agora os jogadores estão confortáveis”, quem o disse foi o treinador Carlo Ancelotti à imprensa italiana durante a fase de grupos do Euro 2020, avançando ainda que via uma final entre Itália e Inglaterra. E não se enganou.

E de facto, olhando para o onze inicial da seleção, não há aquele jogador que faz tremer os adversários. Mas a equipa vale pelo coletivo e, principalmente, como se tem visto até agora, pela pressão alta e velocidade que imprime enquanto tem pernas. As primeiras partes contra a Bélgica e Espanha foram bons exemplos disso mesmo. No ataque, e depois de ter começado a competição no banco. Chiesa tem feito estragos nas defesas contrárias, e Insigne também tem sido fundamental. No meio-campo, o trio composto por Jorginho, Verratti e Barella funcionam em plena harmonia. Na defesa, os experientes centrais Chiellini e Bonucci garantem a solidez típica das equipas italianas e na baliza Donnarruma tem realizado defesas monstruosas, como aconteceu frente a belgas e espanhóis.  Quando é preciso refrescar o onze inicial, Mancini tem apostado em Berardi e Locatelli, ambos do Sassuolo, e em Belotti, avançado do Torino.

 Defesa forte, Kane a fazer estragos e muitos milhões no banco

Depois do Euro 2016, Roy Hodgson abandonou o comando da seleção inglesa e foi substituído por Sam Allardyce, só que a aventura deste último durou muito pouco. É que Allardyce foi filmado secretamente a revelar formas ilegais de dar a volta aos regulamentos de transferências dos jogadores. Para o seu lugar, Gareth Southgate foi escolhido como interino, acabando por ficar com o cargo de forma definitiva a 30 novembro 2016. Já com experiência ao nível das seleções mais jovens de Inglaterra, o antigo defesa central do Aston Villa começou um trabalho de renovação da equipa, apostando em novos talentos. 

No Mundial de 2018 a Inglaterra chegou às meias-finais, sendo eliminada no prolongamento pela Croácia (derrota por 2-1), mas sentiu-se que podia ter chegado mais longe. Algo que aconteceu agora, com a presença na primeira final de um Europeu. Uma das imagens de marca da equipa, desde que Southgate é selecionador, é a consistência defensiva. Já se tinha verificado isso no Mundial da Rússia e agora voltou a acontecer. A Inglaterra esteve cinco jogos sem sofrer golos nesta edição do Europeu, o que constitui um novo recorde no historial da competição. O primeiro tento sofrido foi nas meias, frente à Dinamarca. 

Além dos quatro homens mais recuados, Southgate tem apostado na dupla de trincos composta por Declan Rice e Kalvin Phillips. O médio mais criativo é Mason Mount e lá na frente impera a velocidade de Sterling e Saka ao serviço do melhor ponta de lança da atualidade, Harry Kane. Depois de ter estado apagado nos primeiros jogos, o avançado do Tottenham rapidamente calou os mais críticos com golos e assistências. Algo que está no seu ADN, como se viu ao longo da temporada nos spurs. Quando é preciso ir ao banco,  Southgate não se pode queixar, é que tem lá muitos milhões parados, como seja Grealish, Foden, Rashford, só para citar os nomes mais sonantes.

Quem irá suceder a Portugal: Inglaterra ou Itália?