Após muitas indefinições, estão finalmente a chegar os Jogos Olímpicos de Tóquio, que se realizam entre 23 de julho a 8 de agosto de 2021, um ano depois da data inicialmente prevista. Culpa, claro, da Covid-19.
Portugal vai estar representado por 92 atletas, em 17 modalidades. Trata-se da segunda maior delegação de sempre, igualando a última edição (Rio de Janeiro 2016), apenas atrás dos 107 atletas que estiveram em Atlanta 1996.
Conheça os representantes portugueses que teoricamente estarão mais perto de conquistar uma medalha e colocar o seu nome numa galeria restrita de notáveis que conseguiu trazer 24 medalhas para Portugal (quatro de ouro, oito de prata e 12 de bronze).
Telma Monteiro vai partilhar com Nelson Évora a honra de ser porta-estandarte de Portugal nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Em abril de 2021 sagrou-se campeã europeia pela sexta vez e chegou às 15 medalhas em 15 participações. Já em junho, não foi além do sétimo lugar nos Mundiais de Budapeste.
A judoca do Benfica já conquistou uma medalha de bronze nos Jogos Olímpicos, na edição de 2016, no Rio de Janeiro. E apesar de já contar com 35 anos parece reunir condições para repetir o feito.
“Tenho zero receio de falhar, da desilusão, porque para chegar aos Jogos Olímpicos é preciso um coração forte, coração de quem quer. Porque quem não tenta não sofre. Mas quem não tenta não sabe a riqueza de dar tudo, de lutar por algo grande. E a vontade que tenho é mais forte do que o que me pode parar”, escreveu nas redes sociais, após o sétimo lugar nos Mundiais de Budapeste.
Nelson Évora já ostenta no currículo uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Em Pequim 2008 saltou 17,67 metros na final do triplo salto e tornou-se no quarto campeão olímpico português. Desde então mais nenhum português subiu ao lugar mais alto do pódio.
Aos 37 anos, sonha em voltar a conquistar uma medalha olímpica, apesar de parecer um pouco longe dos tempos áureos. A 26 de junho último, conseguiu a segunda posição do triplo salto dos Campeonatos de Portugal de atletismo, mas com um registo modesto, de 15,93 metros.
Mas a verdade é que Nelson Évora já nos habituou a superar-se nos grandes momentos e assume ambição em conseguir um bom resultado em terras nipónicas. “O grande desafio deste ano será Tóquio. Cada treino que faço coloca-me mais perto deste objetivo. Como tem sido sempre a minha postura, vou levar para Tóquio o sorriso, a leveza e a boa disposição de quem sempre lutou para honrar o nome de Portugal por este mundo”, escreveu nas redes sociais.
Pedro Pichardo surge em Tóquio num fantástico momento de forma. A 6 de julho, em Székesfehérvár (Hungria), conseguiu a melhor marca mundial do ano no triplo salto, com 17,92 metros. Aos 28 anos, estes Jogos Olímpicos parecem surgir na altura ideal para si e o luso-cubano assume o desejo de conquistar uma medalha.
Em janeiro de 2021 testou positivo à Covid-19. “Senti muitas dores musculares e recomecei a treinar no corpo de uma velhota de 90 anos”, confessou em entrevista recente. Recuperou muito rapidamente e foi medalha de ouro no Campeonato Europeu de Atletismo em Pista Coberta, que decorreu em março, na Polónia.
A 9 de junho último, Patrícia Mamona bateu o recorde nacional do triplo salto, ao conseguir 14,66 metros no Meeting da Diamond League do Monaco. Não era preciso este novo feito para considerar a atleta do Sporting uma das grandes favoritas de Portugal às medalhas, mas a verdade é que fica bem demonstrado o excelente momento de forma que atravessa.
Aos 32 anos, não seria surpresa se conquistasse a sua primeira medalha olímpica. Esteve nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, terminando na sexta posição, com 14,65 metros, a melhor classificação de sempre do triplo salto feminino português.
Jorge Fonseca é bicampeão mundial de judo em título, mas confessa que ainda lhe falta alcançar o ouro olímpico, objetivo a que se predispõe para Tóquio. “Ainda não entrei na história, porque tenho um grande sonho, que é ser campeão olímpico. Quando for campeão olímpico, entro para a história. Para já, estou feliz por ter conquistado dois títulos no campeonato do Mundo, mas o meu grande objetivo é ser campeão olímpico”, assumiu a 12 de junho, no Aeroporto de Lisboa, quando regressava de Budapeste, onde foi campeão mundial.
O atleta do Sporting competiu nos Jogos Olímpicos de 2016, tendo sido eliminado na segunda ronda pelo checo Lukáš Krpálek. Mas desta vez é um dos grandes favoritos ao ouro.
Em dupla com Fernando Pimenta, o canoísta Emanuel Silva conquistou a única medalha portuguesa nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, no caso a de prata.
Nove anos depois, já não fará dupla com o seu companheiro desportivo de longa data e em Tóquio competirá em K1 1000. Em junho de 2021, o canoísta português foi vice-campeão da Europa nessa distância. “Dei o meu melhor, mas senti que há aspetos a melhorar e isso é bom. Faltam dois meses para a grande competição da época, os Jogos Olímpicos. Agora é focar no trabalho e cabeça erguida. Continuar a trabalhar e a acreditar que tudo é possível em Tóquio”, referiu após ter sido vice-campeão europeu.
Emanuel Silva tinha apenas 17 anos quando se estreou nos Jogos Olímpicos, em Atenas 2004. Hoje tem 35 anos mas mantém a ambição e a esperança em alcançar a primeira medalha, na sua quinta participação. “A concorrência é alta, andamos todos à procura do mesmo, das medalhas. Mas a mensagem que passo sempre aos meus colegas de competição é que é possível”. Referiu o canoísta, em entrevista recente à TSF.
Emanuel Silva não tem escondido a tristeza por não ter sido escolhido para porta-estandarte. “Não sei quais foram os critérios estabelecidos. Vou para a quinta participação olímpica, tenho quatro diplomas olímpicos, uma medalha olímpica, vários títulos mundiais e europeus. Os atletas em questão [Nélson Évora e Telma Monteiro] já foram porta-estandartes em outras edições dos Jogos Olímpicos. Só queria perceber quais foram os critérios e o chefe de missão agora irá responder se quiser”, disse à Agência Lusa.
Em Tóquio vai liderar uma jovem equipa lusa em K4 500 metros, que conta ainda com João Ribeiro, David Varela e Messias Baptista.
Juntamente com Nélson Oliveira, o ciclista João Almeida representará Portugal no contrarrelógio e na prova de fundo em Tóquio 2020.
Aos 22 anos, o ciclista da Deceuninck-Quick Step estreia-se nos Jogos Olímpicos, apresentando como “cartão de visita” um excelente sexto lugar na Volta a Itália de 2021.
A prova de fundo terá 234 quilómetros e um acumulado de subida de 4.865 metros, estando agendada para 24 de julho.
Nélson Oliveira e João Almeida fizeram um trabalho de aclimatação no Laboratório de Aerodinâmica Industrial da Universidade de Coimbra em junho e outro nos dias que antecederam a partida para Tóquio.
Nélson Oliveira prepara-se para entrar em ação nos seus terceiros Jogos Olímpicos, depois de Londres 2012 e Rio de Janeiro 2016. Um feito nunca antes alcançado por um ciclista português.
Aos 32 anos parece em condições de fazer melhor do que em 2012 (69º lugar na corrida em estrada e 18º no contrarrelógio) e em 2016 (não completou a prova de estrada devido a uma queda e foi sétimo no contrarrelógio). Isto apesar da modesta Volta a Itália que realizou, tendo terminado na 27ª posição, depois de ter prometido muito no início – era quarto colocado depois da quarta etapa.
Em declarações à Lusa, o ciclista da Movistar espera que o contrarrelógio e a prova de fundo sejam “duas corridas bastante duras, devido às dificuldades pelo traçado acidentado e principalmente pelas condições climatéricas”.
Auriol Dongmo, nascida nos Camarões e naturalizada portuguesa, foi capa de jornais em março deste ano. Isto porque na sua estreia a competir por Portugal não foi de modas e conseguiu a medalha de ouro no lançamento do peso nos Europeus de Torun (Polónia), com a marca de 19.34 metros.
Chegou a ser jogadora de andebol e basquetebol, mas depois percebeu que o lançamento do peso era a sua vocação. Chegou a Portugal em 2017 para representar o Sporting e de forma bastante curiosa. Criou um perfil no Facebook apenas para contactar o clube leonino, mostrando-lhe interesse em vir para Portugal representar os leões. O clube respondeu afirmativamente e logo percebeu que a aposta tinha tudo para dar certo.
Auriol Dongmo confirmou o seu excelente momento de forma no passado dia 4 de julho, ao terminar na segunda posição a prova do lançamento do peso do ‘meeting’ de Estocolmo da Liga Diamante, com uma marca de 19,05 metros.
Marco Freitas chega aos Jogos Olímpicos na “ressaca” da medalha de bronze que obteve nos Europeus de ténis de mesa. E encara com otimismo a sua presença em Tóquio, depois de ter estado muito perto das medalhas nas duas anteriores participações nas Olímpiadas. O madeirense foi quinto classificado individual no Rio’2016 e, por equipas, Portugal obteve a mesma classificação quatro anos antes, em Londres.
“Tive um Europeu muito bom e motivador. Estou em boa forma, tendo realizado muito trabalho físico, ginásio, recuperação, análise do jogo adversário. Os Jogos são diferentes, com atletas de todo o mundo, mas somos fortes e, mesmo sem sermos favoritos, estivemos perto das medalhas. Tudo pode acontecer, o sorteio pode influenciar, importa entrar bem, ganhar o primeiro jogo e ir o mais longe possível. Tóquio não muda a forma de jogar, estamos habituados a provas na Ásia, desde a China à Coreia”, referiu ao jornal “Record”.
Apesar dos seus 42 anos, Fu Yu, mesa-tenista nascida na China e naturalizada portuguesa, acalenta esperanças em sair de Tóquio 2020 com uma medalha.
Na sua única participação em Jogos Olímpicos, não foi além do 33º lugar na edição de 2016, no Rio de Janeiro. Mas nos Jogos Europeus de 2019, realizados em Minsk (Bielorrússia) conquistou a medalha de ouro após ter derrotado na final a alemã Han Ying.
Apesar das altas expetativas em seu redor, confessou em entrevista recente que em Tóquio só pretende melhorar o resultado obtido no Rio de Janeiro.
Os velejadores Jorge Lima e José Costa vão competir juntos em Tóquio 2020 na classe 49er. Foram, aliás, os primeiros portugueses a garantir o acesso a estes Jogos Olímpicos. Formam equipa há 12 anos e assumem a ambição de lutar contra atletas super consagrados, como os neozelandeses Peter Burling e Blair Tuke.
“A nossa ambição não tem barreiras, tudo pode acontecer. Há favoritos, uns mais do que outros, mas os dez primeiros serão para nós um bom resultado”, referiu Jorge Lima à Agência Lusa. E José Costa até se mostra agradado pelo facto de os Jogos Olímpicos terem sido adiados um ano. “Tivemos possibilidade, tempo e meios para trabalhar alguns aspetos técnicos que nos eram deficitários de alguma forma. Estamos extremamente motivados, alegres e com vontade de dar boas emoções a quem fica no nosso país a vibrar connosco”, confessa.
Jorge Lima e José Costa já competiram juntos nos Jogos Olímpicos de 2016, tendo terminado na 15ª posição.