O verão desportivo continua em alta. Depois do Euro 2024, aí estão os Jogos Olímpicos. Esta é a competição de excelência para aqueles que gostam de desporto e não apenas de futebol. São 73 os atletas que vão representar Portugal em Paris, entre 26 de julho e 11 de agosto. Pela primeira vez, haverá mais mulheres (37) do que homens (36). 36 é também o número de atletas lusos estreantes nos Jogos Olímpicos.
São vários os representantes portugueses que partem com fundadas esperanças na obtenção de medalhas. Marco Alves, chefe da missão portuguesa, foi bastante claro quando revelou os objetivos de Portugal para estes jogos. “Passam pela concretização de alguns lugares de pódio e por algumas posições entre os 8 primeiros”, sublinhou. Apontou ainda o atletismo, a canoagem, o ciclismo e o judo como as modalidades com maior probabilidade de sucesso. Podes apostar nas várias modalidades que fazem parte dos Jogos Olímpicos no site da Betano.pt.
Recorde-se que a última edição dos Jogos Olímpicos, Tóquio 2020, foi a de maior sucesso para o País, com um total de quatro medalhas alcançadas. Ouro de Pedro Pichardo no triplo salto, prata de Patrícia Mamona na mesma disciplina e os bronzes de Jorge Fonseca (judo, -100kg) e do canoísta Fernando Pimenta (K1 1000 metros) marcaram esta edição. Essa foi ainda a melhor pontuação de sempre em Jogos Olímpicos, com um total de 78 pontos. Foram atribuídos aos atletas classificados entre o primeiro e o oitavo lugares, mais 27 do que o segundo melhor registo, em Atenas 2004.
Fica agora a par dos principais favoritos portugueses a juntarem-se aos 28 nomes que ao longo das várias edições dos Jogos Olímpicos conquistaram uma medalha para Portugal. Foram cinco de ouro, nove de prata e 14 de bronze. Recorde-se que Auriol Dongmo e Patrícia Mamona, no atletismo, que eram apontadas como duas das grandes esperanças portuguesas, ficaram de fora, devido a lesão.
O canoísta Fernando Pimenta já conseguiu duas medalhas em Jogos Olímpicos. Foi prata em K-2 1000 metros, em Londres 2012, fazendo dupla com Emanuel Silva, e bronze em Tóquio 2020, “a solo”, na categoria K-1 1000 metros. Faz assim parte de um lote muito restrito de cinco portugueses que alcançaram mais do que uma medalha nos Jogos. Isto juntamente com Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro e Luís Mena e Silva.
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Aos 34 anos, não esconde que pensa em ser o primeiro português a vencer três medalhas olímpicas. “Tenho consciência de que isso é possível. Mas chamo a atenção que o K1 1000 metros vai provavelmente ser das provas mais competitivas dos últimos anos”, sublinhou. O húngaro Balint Kopasz, campeão olímpico em título, e o bielorrusso Aleh Yurenia, campeão nos últimos Europeus de Szeged, prova em que Fernando Pimenta foi terceiro, devem ser os grandes rivais do português. O atleta luso já ganhou 145 medalhas internacionais entre Jogos Olímpicos, Mundiais e Europeus.
O nadador Diogo Ribeiro saltou para a ribalta com os seus dois títulos de campeão mundial, obtidos em fevereiro de 2024, nos 50 metros mariposa, e nos 100 metros mariposa. E quando pensamos nos candidatos lusos a regressarem a casa com um lugar no pódio, o jovem de 19 é um dos nomes óbvios. Ou não fosse ele o maior talento da natação nacional.
Quando em julho de 2021 sofreu um grave acidente de viação teve a carreira em risco, mas depois a sua trajetória foi uma prova de superação. “O acidente foi uma lição. Deu-me força mental e psicológica, na verdade, acho que ganhei uma segunda vida”, disse em entrevista ao site “Maisfutebol”. Mais recentemente, ao “Diário de Notícias”, assumiu um discurso ambicioso para os Jogos. “Não descansarei enquanto não for campeão olímpico, mas não garanto que seja já em Paris”, referiu.
Campeão olímpico no triplo salto em Tóquio 2020, Pedro Pichardo vai tentar repetir o feito e passar a ser o único português duas vezes vencedor da medalha de ouro. Se conseguir, desempata com quatro “monstros” do desporto português. São eles Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro e Nelson Évora. O atleta de 31 anos apresenta-se em grande forma e a 16 de julho de 2024 estabeleceu novo recorde nacional nesta especialidade, com 18,04 metros. Curiosamente, antes de se naturalizar português, tinha conseguido saltar 18,08 metros, em 2015.
Em Tóquio, qualquer dos três saltos que efetuou teriam sido suficientes para garantir o título (17,61 metros, 17,61 metros e 17,98 metros), mas desta vez, os adversários parecem ser de maior peso, nomeadamente o espanhol Jordan Díaz, o italiano Andy Díaz, o jamaicano Jaydon Hibbert e o burquinês Hugues Fabrice Zango. Pichardo assume que, para além do ouro, pretende o recorde do mundo. “Falta isso. Na final do Europeu fiquei perto, a 20 e poucos centímetros, e não vejo o recorde do mundo assim tão difícil ou impossível”, garante.
Depois do bronze que conseguiu em Tóquio 2020, o judoca Jorge Fonseca aponta a um objetivo ainda mais ambicioso, na categoria -100 kg. “Quero voltar a subir ao pódio e ser campeão olímpico”, afirmou sem rodeios, numa cerimónia organizada pelo Sporting, o seu clube. Ainda assim, o judoca de 31 anos assume que os últimos dois anos não têm sido fáceis.
“Tive momentos difíceis por causa de muitas lesões. Antes de Tóquio 2020 não tinha tido lesões, mas em 2023 tive muitas lesões. Estou recuperado, mas não no mesmo nível como nos Jogos Olímpicos anteriores”, assume. E dá a receita para uma grande prestação em terras francesas. “Só necessito de dormir bem, descansar bem e dar o meu melhor. Sem nervos. É chegar lá e fazer os adversários dançarem um pimba, uma kizomba e dar pancada neles”, atirou.
O “skateboarder” Gustavo Ribeiro foi vice-campeão do mundo em fevereiro de 2023 em Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos. E mesmo tendo baixado do quarto para o sétimo lugar do ranking, apresenta-se como um dos mais fortes candidatos nestes Jogos. Depois do 8º lugar que alcançou em Tóquio 2020, assume que desta vez é possível conseguir uma medalha. “Estou bastante otimista. Ando a trabalhar para este momento há alguns anos e sinto que evoluí muito. Estou bastante confiante. Vamos ver o que é que nos aguarda em Paris. Uma medalha? Sim, acho que é bastante possível”, confessa.
Esta será a quinta presença em Jogos Olímpicos para Marco Freitas, de 36 anos. Ele que é a grande referência da melhor geração portuguesa de ténis de mesa. No entanto, não foi fácil a chegada a Paris para o atual 18º classificado no ranking mundial (a sua melhor posição foi o sétimo lugar). O objetivo nesta edição é chegar o mais longe possível.
“Andámos a tentar qualificar-nos durante quase um ano e meio. Começou com o apuramento para o Europeu. Depois, no Europeu, era preciso ficar nos oito primeiros para nos classificarmos para o Mundial. Ficámos em terceiro. E depois, no Mundial, tínhamos de ir aos quartos de final para finalmente nos apurarmos para os Jogos Olímpicos. Ficámos em quinto”, recordou, em entrevista ao “Maisfutebol”. “O objetivo nestes Jogos é sempre chegar o mais longe possível. Tenho um quinto lugar individual e um quinto lugar em equipas [no Rio de Janeiro 2016], que não é medalha, mas é um diploma olímpico. Adorava conseguir igualar ou melhorar esse resultado”, assume.
Fu Yu nasceu na China em 1978, foi viver para Espanha em 1997, tendo-se mudado para Portugal em 2001. Depois do Rio 2016 e de Tóquio 2020, estes serão os seus terceiros Jogos Olímpicos. Garantiu a vaga individual em Paris 2024 através do torneio de qualificação, em maio deste ano, na Bósnia-Herzegovina.
Em agosto de 2013, tornou-se na primeira mesa-tenista portuguesa a conquistar uma medalha numa prova internacional. No caso, os Europeus realizados em Scwechat, na Áustria, tendo ainda ganho o ouro nos Europeus de Minsk, em 2019. Aos 46 anos, de forma modesta, assume apenas o desejo de “fazer melhor” do que nos últimos Jogos, nos quais foi eliminada na terceira eliminatória.
A prova de surf, modalidade presente pela segunda vez nos Jogos, vai acontecer muito longe de Paris. Será no Taiti, na Polinésia Francesa e Yolanda Hopkins, de 26 anos, assume a ambição de trazer uma medalha para Portugal. “Estive na Polinésia francesa há pouco tempo e a onda é incrível, encaixando na perfeição no meu tipo de surf. Por isso vou com as expetativas de atingir o meu mais alto nível. Acredito nas minhas capacidades. Acho que a medalha não está fora de visão”, assumiu, à partida para o evento.
Filha de pai português e mãe galesa, saltou para a ribalta em 2019, ao tornar-se campeã nacional da Liga Meo Surf feminino. Depois, obteve o segundo lugar na qualificação feminina no ISA World Surfing Games de 2021. Juntamente com Teresa Bonvalot, qualificou-se par os Jogos Olímpicos de 2020, nos quais obteve um meritório quinto lugar.
Teresa Bonvalot é outra grande esperança portuguesa para a conquista de uma medalha no surf. Tal como Yolanda Hopkins, esta será a sua segunda participação em Jogos Olímpicos, depois de ter sido nona classificada em Tóquio 2020. Revelou-se muito cedo, ao ganhar o Europeu de surf júnior em 2016 e 2017. Depois, como sénior, tem conseguido resultados consistentes.
Para Paris, assume alta ambição. “Ninguém vai para qualquer campeonato a querer perder, pretende sempre ganhar e levar a vitória. Uma medalha é o meu maior sonho. Mas quero ir passo a passo, efetuar o meu trabalho e desfrutar realmente do sítio em que estamos. Tenho a certeza de que vou para dentro de água dar o meu melhor e demonstrar o que é ser português”, garantiu, à partida para a Polinésia Francesa.
Nelson Oliveira e Rui Costa são os mais conceituados representantes portugueses na equipa de ciclismo de estrada. Esta será a quarta participação em Jogos Olímpicos de Nelson Oliveira, que conseguiu uma quota extra para Portugal no contrarrelógio, com o seu sexto lugar nos Mundiais de 2023. O seu melhor resultado foi no Rio de Janeiro 2016, quando foi sétimo no ‘”crono”. E concluiu a última Volta a França na 51ª posição.
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Nelson Oliveira será a grande aposta portuguesa para o contrarrelógio, enquanto Rui Costa será o chefe de fila. Depois de ter terminado o último Tour em 68º lugar, e de se ter sagrado campeão nacional de fundo pela terceira vez, parte para a sua terceira participação olímpica. Foi 13º e 10º na prova de estrada, em Londres 2012, e no Rio de Janeiro 2016.
Esta será a estreia portuguesa em provas masculinas de pista. Iúri Leitão, campeão mundial de omnium, foi o escolhido para esta disciplina, e terá a companhia de Rui Oliveira na vertente de madison. “Há quatro anos, conseguimos a estreia na vertente feminina e agora, estamos também presentes no setor masculino. Conseguir um resultado semelhante ao de há quatro anos [um diploma olímpico] seria excelente”, considera Gabriel Mendes, selecionador nacional de pista.
No entanto, o bom momento de forma dos dois ciclistas faz com que haja esperança em ir um pouco mais além e trazerem uma medalha para Portugal, em madison, ou Iúri Leitão a solo, em omnium. “Estou extremamente feliz. Era um objetivo que eu já procurava há muito tempo na minha carreira. Depois de termos falhado a qualificação olímpica para Tóquio, desde esse dia que o foco esteve todo em conseguirmos esta qualificação como equipa”, confessou Iúri Leitão à Agência Lusa.