Já é um cenário habitual: o início de temporada de uma equipa treinada por Jorge Jesus é bastante exigente e fica marcado pela tentativa de entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões. Desta vez, será ao serviço do Fenerbahçe, depois de três pelo Benfica e duas pelo Sporting. Para chegar ao “paraíso dos milhões” os turcos terão de passar por uma maratona de três eliminatórias e seis jogos.
O primeiro desafio é esta quarta-feira, 20 de julho, diante do Dínamo Kiev, referente à primeira mão da segunda pré-eliminatória. Os ucranianos são os anfitriões, mas por razões óbvias não o poderão fazer na sua casa, tendo o jogo sido transferido para a cidade polaca de Lodz. Caso passe esta segunda pré-eliminatória, o Fenerbahçe ainda terá de jogar a terceira pré-eliminatória e o play-off.
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Esta será a sexta vez que uma formação orientada por Jorge Jesus vai disputar pré-eliminatórias da Liga dos Campeões e até ao momento o saldo é positivo, mas não por larga margem, com três acessos à prova e dois falhanços.
Esta história começou em 2011/12, na sua terceira temporada no Benfica e com sucesso: primeiro, na terceira pré-eliminatória, os encarnados afastaram o Trabzonspor (2-0 em casa e 1-1 fora) e no play-off o Twente (2-2 na Holanda e 3-1 na Luz). Seguiu-se, em 2015/16, uma eliminação ao serviço do Sporting, frente ao CSKA Moscovo: apesar dos leões terem ganho por 2-1 em Alvalade, acabaram por perder por 3-1 (após prolongamento) na Rússia.
Em 2017-18, ainda ao serviço do Sporting, a primeira mão do play-off não deixava antever nada de bom (0-0 em Alvalade, com o Steaua Bucareste), mas na Roménia os verdes e brancos arrasaram, triunfando por 5-1. Em 2020-21, no seu regresso ao Benfica, foi surpreendido no play-off pelo PAOK de Abel Ferreira (desaire por 2-1 na Grécia), em eliminatória a uma só mão. Finalmente, na temporada de 2021/22, o Benfica de Jesus passou o Spartak de Moscovo na terceira pré-eliminatória (duplo 2-0) e afastou o PSV Eindhoven no play-off (triunfo por 2-1 na Luz e empate na Holanda sem golos).
Nos 13 jogos referentes a pré-eliminatórias, as formações de Jorge Jesus ganharam mais de metade (sete), empataram quatro e perderam dois. Se a sequência vitória-derrota-vitória que tem ocorrido sempre se mantiver, desta vez o técnico português será eliminado. Mas como se sabe, o futebol está longe de ser matemática.
Por outro lado, analisando as oito épocas em que as equipas de Jorge Jesus disputaram a fase de grupos da Champions, verifica-se que em apenas duas ocasiões seguiram em frente, ambas pelo Benfica. Primeiro, em 2011/12, com as águias a serem travadas pelo Chelsea nos quartos de final; depois, em 2021/22, com o Benfica a atingir igualmente os quartos de final, mas com Nélson Veríssimo ao leme nos quatro desafios da fase a eliminar, primeiro conseguindo afastar o Ajax e depois, caindo aos pés do Liverpool FC.
Refira-se ainda que a percentagem de vitórias das equipas de Jorge Jesus na Champions – se analisarmos a fase de grupos, oitavos de final e quartos de final – , é de apenas 32,6 por cento, correspondente a 17 vitórias em 52 jogos, com 11 empates e 24 derrotas. E ganhou apenas quatro dos 26 jogos que disputou como visitante (15,3 por cento), tendo somado seis empates e sofrido 16 derrotas.
O Fenerbahçe conseguiu o acesso a esta segunda pré-eliminatória depois de ter terminado o campeonato turco de 2021/22 em segundo lugar, a mesma posição do Dínamo Kiev na Liga ucraniana, que, como se sabe, não terminou, tendo sido disputadas apenas 18 jornadas.
A pré-temporada da formação orientada por Jorge Jesus foi recheada de vitórias. É certo que começou com um empate 2-2 com o Shkupi, da Macedónia do Norte, mas depois foi só ganhar: 4-2 ao Al Shamal, do Catar, 4-0 aos albaneses do KF Tirana, 1-0 aos sérvios do Partizan Belgrado, 3-0 diante dos húngaros do MOL Fehérvár FC e 2-0 perante os ingleses do Hull City
Do plantel do Fenerhabçe fazem parte os portugueses Bruma (adquirido ao PSV Eindhoven) e Miguel Crespo, que cumpre a segunda temporada no clube. E ainda o brasileiro Lincoln (ex-Santa Clara), que tem sido um dos destaques da pré-época.
Neste novo desafio e como tem sido usual ao longo da carreira, Jorge Jesus pediu a contratação de muitos jogadores e nas últimas semanas chegaram ao Fenerbahçe o ponta de lança norueguês Joshua King (ex-Watford), Tiago Çukur, também ponta de lança, emprestado pelo Watford, o extremo turco Emre Mor (ex-Karagumruk) e os já referidos Bruma (extremo) e Lincoln (médio de ataque).E, claro, o tão desejado médio defensivo Willian Arão (ex-Flamengo), que já tinha sido um pedido de Jesus na sua segunda passagem pelo Benfica. Quem o português descartou logo quando assumiu o cargo no Fenerbahçe foi Mesut Özil, a “estrela da companhia” e que entretanto rescindiu, mudando-se para o Basaksehir.
O Dínamo Kiev não compete de forma oficial desde 12 de dezembro de 2021, altura em que o campeonato ucraniano sofreu uma pausa de inverno. Depois, em fevereiro, teve lugar a invasão russa. Vai assim tornar-se no primeiro clube ucraniano a disputar uma competição europeia desde o início da guerra. No passado dia 12 de julho, o Dínamo Kiev disputou dois jogos particulares com o Olympique Lyon, usando naturalmente duas equipas diferentes. No primeiro, levou a melhor sobre os franceses, por 3-1 e no segundo perdeu por 0-3.
Este Dínamo Kiev-Fenerbahçe marca ainda o confronto entre duas “velhas raposas” do futebol europeu. Se é verdade que Jorge Jesus, de 67 anos, é um dos mais experientes treinadores em competição nas provas europeias, é ultrapassado nesta matéria por Mircea Lucescu, o técnico dos ucranianos e que já conta com 76 primaveras. Na temporada passada, os dois encontraram-se na fase de grupos da Liga dos Campeões. Primeiro, verificou-se um empate sem golos entre Dínamo Kiev e Benfica e depois, na Luz, as águias ganharam por 2-0. De resto, essas foram as únicas ocasiões em que Jorge Jesus enfrentou uma equipa ucraniana.
Refira-se que este será o quinto jogo oficial entre Dínamo Kiev e Fenerbahçe e a superioridade tem sido ucraniana, com duas vitórias e dois empates. E o Dínamo Kiev ganhou os dois jogos que disputou com o anfitrião (3-1 em 2006/07 e 1-0 em 2008/09, ambos a contar para a Champions). Mas desta vez não o poderá fazer na Ucrânia.