Os Oklahoma City Thunder venceram o jogo 7 frente aos Indiana Pacers e conquistaram o primeiro título da organização desde que saiu de Seattle. Foi um momento de consagração, mas também de viragem. Porque esta equipa não chega ao fim de uma caminhada, mas sim ao início de uma nova era na NBA, competição que podes acompanhar no site Betano.pt, onde tens também a oportunidade de fazer as tuas apostas e assistir aos jogos em direto através do Livestream.
A comparação é inevitável: tal como os Golden State Warriors de 2015, os Thunder são uma equipa jovem, liderada por um MVP, treinada por um técnico precoce e promissor, e com um registo de época regular absolutamente dominante. Ganharam 68 jogos, apresentaram a melhor defesa da liga, ficaram no top-5 das eficiências ofensiva e defensiva, e lideraram a NBA em diferencial de pontos. São, sem margem para dúvida, um dos campeões mais completos da última década.
E fizeram-no com uma juventude histórica: com uma média de idades inferior a 25 anos, são o segundo campeão mais jovem de sempre. Nenhum outro vencedor teve uma equipa tão profunda, tão fresca e com minutos tão bem geridos. Apenas dois jogadores passaram os 30 minutos de utilização média nos playoffs. Tudo foi pensado com rigor, preparado com paciência e executado com convicção. O percurso na fase a eliminar teve de tudo: varreram os Memphis Grizzlies na primeira ronda, recuperaram de desvantagem frente aos Denver Nuggets, dominaram os Minnesota Timberwolves com maturidade e chegaram às finais para enfrentar os Indiana Pacers num duelo muito mais duro do que o previsto, até resolverem tudo, com autoridade, no jogo 7.
Mas nenhuma história de título se escreve sem vencidos. E os Pacers foram tudo menos figurantes. Liderados por Tyrese Haliburton, viveram uma época mágica e um percurso de superação que os levou mais longe do que qualquer previsão. Com um plantel sem escolhas de topo no draft, construído com inteligência e coesão, a equipa de Rick Carlisle ultrapassou Milwaukee Bucks, Cleveland Cavaliers e New York Knicks para chegar à final. E quando Haliburton começou o jogo 7 com três triplos, parecia que a sua audácia podia mesmo reescrever o guião. Mas a lesão no tendão de Aquiles que o afastou ainda no primeiro quarto foi um golpe que “sugou a alma” da equipa, como admitiu Obi Toppin. Haliburton saiu de campo em lágrimas e com o futuro em suspenso.
Os Thunder aproveitaram. E no centro de tudo esteve Shai Gilgeous-Alexander. O base canadiano teve uma temporada com números comparáveis aos de Michael Jordan. Apenas a antiga lenda dos Chicago Bulls e James Harden conseguiram produzir épocas com médias semelhantes em pontos, ressaltos, assistências e roubos de bola. Mas Shai foi mais longe, adicionando um desarme de lançamento por jogo e registando a melhor percentagem de lançamento entre todos os nomes dessa curta lista. Tornou-se apenas o quarto jogador da história da NBA a juntar título, MVP da fase regular, MVP das finais e título de melhor marcador na mesma temporada. Fê-lo com uma serenidade desconcertante e uma capacidade de decisão que resultou num domínio absoluto. E, aos 26 anos, está apenas a começar.
Ao seu lado estiveram duas certezas para o futuro. Jalen Williams, cada vez mais um criador total e um defensor de elite, brilhou com uma maturidade que não bate certo com os seus 24 anos. Chet Holmgren, ainda mais novo (23), terminou o jogo 7 com cinco desarmes de lançamento e mostrou porque é um dos protetores de cesto mais impactantes da liga. Mesmo sem consistência ofensiva, a sua presença defensiva foi determinante em toda a série.
E depois há os outros: Alex Caruso, único jogador da rotação acima dos 27 anos e talvez o melhor defensor de perímetro da NBA; Isaiah Hartenstein, dominante nas tabelas; Lu Dort, uma carraça defensiva que voltou a provar que já não pode ser deixado aberto nos 7,25 metros; Cason Wallace e Aaron Wiggins, elementos de uma rotação onde todos contam, todos entendem o sistema e todos aceitam o seu papel. Nenhum ego. Só cultura.
Essa cultura começa em Sam Presti. Depois de montar a primeira era dourada dos Thunder com Kevin Durant, Russell Westbrook e James Harden, o general manager reconstruiu tudo com paciência e precisão cirúrgica. Fez trocas históricas (como a que trouxe Shai de LA), acumulou escolhas de draft, evitou contratos tóxicos e nunca se desviou da visão: construir um candidato ao título sustentável, capaz de crescer junto e de resistir ao impacto das novas regras salariais da NBA. A prova está nos números: os Thunder são campeões com uma equipa que ainda não atingiu o pico do seu potencial e que tem ainda dez escolhas de primeira ronda nos próximos cinco anos. No draft desta semana (25 e 26 de junho), escolherão nas 15.ª e 24.ª posições. E voltam a ter flexibilidade total para ajustar o plantel, reforçar a rotação ou subir no draft. Tudo é possível.
Mark Daigneault, o treinador que começou na G League, é hoje um dos grandes responsáveis pelo sucesso do projeto. Aos 40 anos, demonstrou capacidade para adaptar o cinco inicial em função de cada adversário, mexer no ritmo e na rotação, e manter o grupo unido em todos os momentos. A resposta emocional e competitiva da equipa em jogos decisivos – como o jogo 5 contra Denver, o jogo 4 contra Minnesota ou o jogo 7 frente aos Pacers – é reflexo dessa liderança serena, fundamentada em trabalho e exigência.
Este título é o culminar de tudo isso. Mas não encerra nada. Bem pelo contrário. Esta pode ser a equipa da década. A que venceu sem superestrelas impostas, sem pressa, sem atalho. A que nos ensinou que o futuro se pode construir com calma. E que, às vezes, a lógica precisa mesmo de ser questionada.

Por Ricardo Brito Reis

Comentador de NBA na Sport TV
Fundador do Borracha Laranja
Host do podcast Bola ao Ar