Em março de 2021, Neemias Queta, de 22 anos, anunciou a sua decisão de se tornar elegível para o draft da NBA, isto depois de no ano anterior ter desistido, por achar que não estava pronto. Na madrugada de quinta para sexta, o poste que nos últimos três anos jogou ao serviço da Utah State University ficará a saber se é o primeiro português a atuar na NBA. E as probabilidades estão a favor dele.
“Quando dizia que queria chegar à NBA, houve pessoas que se riram na minha cara, houve pessoas que disseram que não era possível. E eu não me preocupei com isso. Acho que isto aqui só prova que não tens de acreditar no que as pessoas dizem. Tens de acreditar no que tu achas que és capaz de fazer”, disse o internacional luso quando anunciou a sua disponibilidade para integrar o draft de 2021.
O draft de 2021 da NBA realiza-se de quinta para sexta-feira e será dividido em duas rondas. Os Detroit Pistons ficaram com a primeira escolha e tudo indica que vão optar por Cade Cunningham, base que brilhou na Universidade de Oklahoma State. A seguir é a vez dos Houston Rockets, cujas notícias apontam que irão escolher o base/extremo Jalen Green. Cleveland Cavaliers têm a terceira escolha do draft e andam de olho no poste Evan Mobley. Neemias Queta só precisa de ser escolhido numa das restantes 57 vagas que ficam ainda por preencher para fazer história no basquetebol nacional.
Vários órgãos de comunicação norte-americanos já avançaram com uma eventual posição de escolha para o poste português e elas tanto vão da 22º à 60ª, que é a última vaga disponível – sendo que a maioria das projeções colocam o português na segunda ronda de escolhas. Ao longo das últimas semanas, Neemias Queta fez treinos com várias equipas da NBA, que pediram ao jogador para o verem de perto, o que é sempre um possível bom sinal. O poste treinou com os Los Angeles Lakers, Sacramento Kings, Charlotte Hornets e Oklahoma City Thunder.
Nos três anos que vestiu a camisola da Utah State University, Neemias Queta teve médias de 13,2 pontos, 9,0 ressaltos, 2,5 desarmes de lançamento e 2,0 assistências, com 59,4% nos lançamentos de campo. O poste português esteve também sempre entre os melhores defesas da liga universitária, algo que é muito do agrado das equipas da NBA, ou seja, ter um “grande” que intimida os adversários na defesa da sua tabela. Ou não se costumasse dizer que os ataques ganham jogos, mas as defesas ganham campeonatos.
Já em junho, Neemias Queta tinha sido um dos 69 atletas convidados para o Draft Combine, evento que reúne os principais jogadores vindos do basquetebol universitário e que aspiram a entrar na NBA, assim como olheiros e representantes das 30 equipas da melhor liga do mundo. E o português causou logo impacto fisicamente. Com 2,12 metros, era o mais alto entre todos os presentes, o que tinha a maior envergadura de braços (2,24 metros), o maior alcance em termos de salto (2,85 metros), o terceiro mais pesado (112,6 quilos), o que tinha as mãos mais largas (26,67 cm) e o quarto com as mãos mais compridas (23,49 cm).
Neemias Queta formou-se no Barreirense e depois deu o salto para o Benfica, mas só jogou de água ao peito um ano. Aos 18 anos, despediu-se de Portugal e rumou ao basquetebol universitário norte-americano, com vista a um dia poder sentir na pele a famosa magia da NBA. E 2021 tem tudo para ser um ano especial para o jogador e para o basquetebol português. Até porque, convém relembrar, que o MVP desta época regular foi um poste europeu, de 2,11m, e que foi escolhido na posição 41 do draft de 2014. Falamos de Nikola Jokic, dos Denver Nuggets, e que é um bom exemplo de alguém que chegou de fininho à liga, foi evoluindo ano após ano e hoje é dos melhores jogadores da NBA, isto numa altura em que as principais referências entre os postes são todos jogadores europeus ou africanos – longe vão os tempos em que os gigantes norte-americanos dominavam as tabelas na NBA. Já lhe tínhamos dito no início que as probabilidades estão a favor do Neemias, não já?