A noite de 12 de maio de 2025 ficará para sempre gravada como um daqueles raros momentos em que a sorte, o talento e o futuro convergem num ponto inesperado. Com apenas 1,8% de hipóteses de vencer a lotaria do draft, os Dallas Mavericks saltaram da 11.ª para a 1.ª posição — a maior subida alguma vez registada desde que há sorteios oficiais na NBA, competição que podes acompanhar no site Betano.pt, onde tens também a oportunidade de fazer as tuas apostas e assistir aos jogos em direto através do Livestream. Quatro meses depois da controversa troca de Luka Dončić para os Los Angeles Lakers, Dallas vê agora uma nova luz ao fundo do túnel: a possibilidade de selecionar Cooper Flagg, o prodígio da Universidade de Duke, e recomeçar com esperança renovada.

Cooper Flagg é, de forma inequívoca, o melhor jogador da classe de 2025. Aos 18 anos e com 2,06 metros, alia instintos defensivos de elite a um jogo ofensivo cada vez mais refinado. Liderou Duke até à Final Four da NCAA, brilhou em treinos contra a seleção olímpica dos Estados Unidos e arrecadou prémios universitários relevantes. Para muitos, é já visto como salvador. Para os Dallas Mavericks, representa redenção e futuro. Para os adeptos texanos, uma razão para acreditar.

Ao contrário do que acontece com muitos primeiros escolhidos no draft, Flagg não encontrará uma equipa em ruínas. Em Dallas, terá veteranos com experiência de playoffs, um treinador habituado a lidar com estrelas e um contexto competitivo desde o primeiro dia. Kyrie Irving, embora a recuperar de uma lesão grave, e Anthony Davis, no final do prime da sua carreira, ainda representam talento de topo. Mas a chegada simboliza uma mudança de paradigma. Numa organização que perdeu o seu franchise player e viu a identidade abalada, Flagg oferece uma nova narrativa.

A oportunidade de aprender com duas das figuras mais enigmáticas da NBA é um bónus raro e, se conseguir absorver o melhor de cada um, poderá moldar um perfil absolutamente singular. Mas a maior vitória de Dallas é do ponto de vista emocional. Flagg preenche o vazio deixado por Dončić como poucos o poderiam fazer. Não se trata de uma substituição direta, mas sim da construção de uma nova era menos centrada no virtuosismo individual e mais ancorada na evolução progressiva. É a oportunidade de começar de novo sem destruir tudo, de reimaginar o futuro sem ignorar o passado.

Com a (potencial) adição de Cooper Flagg — alguém acredita que o “general manager” Nico Harrison não vai escolher o extremo/poste natural do Maine? —, a equipa do Texas reencontra rumo, propósito e identidade. Mas o draft dos próximos dias 25 e 26 de junho apresenta outros nomes sinónimo de talento. Dylan Harper — filho de Ron, cinco vezes campeão da NBA nos anos 90 e 2000 — e Ace Bailey prometem ser escolhas de impacto imediato. V.J. Edgecombe, Tre Johnson, Derik Queen e Kon Knueppel são outros jovens apontados ao top-10.

Os San Antonio Spurs, com as 2.ª e 14.ª escolhas, voltam a posicionar-se como uma das equipas mais intrigantes da liga. Com Victor Wembanyama, Stephon Castle e De’Aaron Fox já no plantel, o cenário é de abundância. Resta saber se manterão as escolhas ou se poderão usá-las como moeda de troca num pacote ousado, talvez até por Giannis Antetokounmpo. É uma ideia que circula nos bastidores da liga e que poderá transformar a paisagem competitiva da NBA, caso se concretize. Flagg ao lado de Wemby seria o sonho, mas Giannis pode ser o atalho para o título.

Os Philadelphia 76ers também saíram da noite com motivos para sorrir e um suspiro de alívio. Quando Spurs e Mavericks saltaram para o top-2, tudo indicava que Philly perderia a sua escolha para os Oklahoma City Thunder, mas o sorteio empurrou-os para a 3.ª posição, permitindo-lhes manter o direito de escolher. Depois de uma época marcada por lesões e dúvidas em torno de Joel Embiid e Paul George, a possibilidade de acrescentar Harper ou Bailey a um núcleo jovem que já conta com Tyrese Maxey e Jared McCain reacende a esperança na cidade do amor fraternal.

Pelo contrário, Utah Jazz e Washington Wizards foram os grandes derrotados da noite. Ambos com 14% de hipóteses de garantir a primeira escolha, terminaram fora do top-4: os Jazz em 5.º, os Wizards em 6.º. A reconstrução em Salt Lake City continua sem um “franchise player”, enquanto em Washington a frustração também é evidente. Apesar das jovens promessas que já fazem parte do plantel, como Alex Sarr ou Bilal Coulibaly, falta uma estrela capaz de liderar o projeto com carisma.

A história da NBA mostra-nos que nem sempre o talento vence. Vence quem se adapta e quem encaixa no puzzle certo. Cooper Flagg tem tudo para ser esse jogador. E Dallas volta a ter um caminho. O desafio será manter a serenidade, proteger o crescimento de Flagg e construir à volta dele uma estrutura estável e ambiciosa. Mas, por uma noite, os adeptos dos Mavericks voltaram a acreditar. Se Cooper Flagg cumprir metade do que promete, poderá ser muito mais do que o substituto emocional de Luka Dončić: poderá ser o rosto de uma nova era.

Por Ricardo Brito Reis

Comentador de NBA na Sport TV
Fundador do Borracha Laranja
Host do podcast Bola ao Ar