Ainda não foi desta que Inglaterra conseguiu ganhar um Campeonato da Europa, mas existe uma competição em que os ingleses são reis e senhores. Falamos obviamente da Premier League, de regresso esta sexta-feira, 13 de agosto e que, como sempre, vai prender as atenções do mundo inteiro.
A jornada inaugural inicia-se com um Brentford-Arsenal, na sexta-feira, e no sábado, dia 14, o Manchester United de Bruno Fernandes e Diogo Dalot recebe o Leeds United. Para domingo está guardado o jogo grande, com o Tottenham de Nuno Espírito Santo a ser o anfitrião do campeão Manchester City, que parte tem busca do quarto título nos últimos cinco anos.
Apesar de mais uma temporada marcada por um rotundo falhanço na Liga dos Campeões, Pep Guardiola manteve-se no comando técnico dos “citizens” e contou com um reforço de peso: Jack Grealish, extremo contratado ao Aston Villa por 117,50 milhões de euros e que até apagou publicações de há alguns anos nas redes sociais em que mostrava o seu fanatismo pelo Manchester United. Até ver, esta foi a única contratação do City. No entanto, o nome mais falado no defeso para os “citizens” tem sido Harry Kane, que estaria a forçar a saída do Tottenham e que até falhou o reinício dos trabalhos nos “spurs”, depois dos dias de férias a que teve direito no pós-Euro 2020. No entanto, o ponta de lança lá acabou por se juntar ao plantel comandado por Nuno Espírito Santo. Resta saber se não haverá mesmo transferência até ao fim do mercado de verão.
Nas saídas do plantel do Manchester City destacam-se “Kun” Aguero (que na última época perdeu espaço) e Eric García, jovem central que na verdade nunca se afirmou no clube. Curiosamente, ambos reforçaram o Barcelona. Até ver, Bernardo Silva vai continuando no grupo, apesar de Pep Guardiola ter deixado a entender que o português não deverá permanecer. “Não é só o Bernardo, há dois ou três jogadores que querem sair, apesar de terem contrato. Estamos abertos a propostas, mas continuam a treinar-se muito bem. Agora, quem quiser sair sabe que a porta está aberta porque não queremos ninguém insatisfeito”, referiu a 6 de agosto.
Hoje em dia, como sabemos, nenhum jogador está seguro em qualquer clube até ao fecho do mercado, mas tudo se parece encaminhar para que João Cancelo prossiga de “azul bebé”, juntando-se ao indiscutível Rúben Dias, que teve uma temporada de estreia em Inglaterra assombrosa, tendo sido considerado o melhor jogador da Premier League pela Associação dos Jornalistas de Futebol, que reúne os jornalistas e correspondentes britânicos.
Refira-se que a época não começou nada bem para o Manchester City, que foi derrotado por 1-0 pelo Leicester na Supertaça inglesa. Um forte aviso que poderá significar que esta época não vai ser o mesmo passeio da temporada transata para os comandados de Pep Guardiola. E atenção que nas sete primeiras jornadas, os “citizens” vão defrontar os outros cinco clubes dos “big six”: Tottenham, Manchester United, Liverpool, Arsenal e Chelsea. E ainda o Leicester, que acabou de cometer a desfeita já referida na Supertaça e que hoje em dia é uma das mais fortes formações do futebol britânico
O Manchester United ameaça ser um dos grandes rivais do Manchester City na luta pelo título. Os “red devils” conseguiram uma grande “bomba” neste defeso, ao contratarem Jadon Sancho ao Borussia Dortmund por 85 milhões de euros, a sua terceira compra mais dispendiosa de sempre. O guarda-redes Tom Heaton chegou a custo zero, do Aston Villa.
Os “red devils” vão querer continuar na senda da recuperação encetada na última temporada – terminaram a Premier League na segunda posição e chegaram à final da Liga Europa – mas desta vez com a conquista de troféus. E muito provavelmente Bruno Fernandes continuará a ser o grande comandante da equipa. Na temporada passada, o português exibiu-se a grande altura, tendo apontado 24 golos e feito 16 assistências em jogos oficiais. Depois de ter estado muito longe do seu melhor no Campeonato da Europa, o antigo futebolista do Sporting vai querer voltar ao nível habitual no clube. Resta saber se não será tão “espremido” pelo seu treinador Ole Gunnar Solskjaer, o qual admitiu recentemente que exagerou no tempo de utilização do português em 2020/21.
Entretanto, depois do empréstimo ao AC Milan, Diogo Dalot está de regresso a Old Trafford, para tentar afirmar-se de vez num clube que em julho de 2018 pagou 22 milhões de euros ao FC Porto pelo seu passe.
O Chelsea entra em 2021/22 com o estatuto reforçado, devido à conquista recente da Liga dos Campeões e, já agora, da Supertaça Europeia. Na época passada, os “blues” alcançaram a quarta posição no campeonato, mas ambicionam lutar verdadeiramente pelo cetro em 2021/22. Até ao momento, o treinador Thomas Tuchel só viu o plantel reforçado com o guarda-redes Marcus Bettinelli, que chegou a custo zero do Fulham. No entanto, tudo indica que estará para muito breve o anúncio do regresso de Lukaku a Stamford Bridge. Os londrinos deverão pagar qualquer coisa como 115 milhões de euros ao Inter Milão pelo passe do melhor jogador da última edição da Série A. Entretanto, também existiram rumores do interesse do Chelsea em Lionel Messi, que no entanto preferiu reforçar o PSG.
Uma excelente notícia para Tuchel foi o facto de não ter visto partir nenhum dos jogadores fundamentais. Giroud transferiu-se para o AC Milan, mas o ponta de lança francês não era habitual titular.
O Liverpool é sempre um dos grandes candidatos ao título. Depois do passeio tranquilo rumo à conquista do troféu em 2019/20, os “reds” foram a grande desilusão da última temporada, tendo assegurado “in extremis” a qualificação para a Liga dos Campeões, por via do terceiro lugar. Diogo Jota teve uma época agridoce, pois se é verdade que viu confirmada a influência na equipa (13 golos em 30 jogos), por outro lado, passou muito tempo no estaleiro. O português promete continuar a formar um quarteto de luxo na frente de ataque com Salah, Mané e Firmino.
Resta saber como irá reagir a equipa à saída de Wijnaldum para o PSG, sendo que, até ao momento, não foi contratado ninguém para o seu lugar. Os “reds” só gastaram dinheiro em Ibrahima Konaté, defesa central contratado ao RB Leipzig por 40 milhões de euros. O carismático Jürgen Klopp pode no entanto regozijar-se com o regresso de Virgil van Dijk, o patrão da defesa.
Seria uma enorme surpresa se o próximo campeão inglês saísse de fora dos quatro primeiros classificados da temporada transata (Manchester City, Manchester United, Liverpool e Chelsea). Existem no entanto equipas que podem eventualmente entrar na luta por um lugar na Liga dos Campeões. Nomeadamente o Tottenham de Nuno Espírito Santo, treinador que depois de três épocas de grande sucesso no Wolverhampton entre 2017/18 e 2019/20 viu os “wolves” terem uma prestação bem mais modesta em 2020/21 (13º lugar). No Tottenham, tem o desafio de tentar a qualificação para a Champions e ganhar um troféu, algo que o clube londrino não consegue desde 2007/08.
A novela em torno de Harry Kane foi um sério problema neste início de época dos “spurs”. Mas, até ver, o fantástico goleador continua. Entretanto, a contratação do guarda-redes italiano Pierluigi Gollini ao Atalant, por 17 milhões de euros, é uma grande ameaça para Lloris, que há muito é o dono das redes do Tottenham mas que nunca convenceu por completo, parecendo sempre faltar-lhe algo para ser considerado um guarda-redes de elite. O reforço da linha defensiva tem sido a grande prioridade: chegou ainda Cristian Romero, central argentino ex-Atalanta que custou 50 milhões de euros e Ryan Sessegnon, defesa esquerdo que regressa de empréstimo ao Hoffenheim. Do Sevilha veio o extremo Bryan Gil, por 30 milhões de euros.
Nuno Espírito Santo viu sair algumas figuras importantes, como Gareth Bale, Lamela e Alderweireld. Carlos Vinicius também abandonou o clube, depois de uma curta experiência de uma temporada.
Poucas fichas serão apostadas numa real candidatura ao título do Arsenal, o clube inglês dos “big six” que mais caiu nas últimas épocas. Depois da oitava posição da temporada passada, já seria uma enorme proeza se a equipa orientada por Mikel Arteta assegurasse um dos quatro primeiros lugares e a qualificação para a Liga dos Campeões.
De referir que os “gunners” contrataram Nuno Tavares ao Benfica por 8 milhões de euros, o que faz com que possam alinhar com uma dupla de laterais portugueses, pois Cédric continua a fazer parte do grupo. O grande reforço para Arteta é, em teoria, Ben White, contratado ao Brighton por 58,50 milhões de euros e que já é considerado um dos grandes centrais ingleses da atualidade.
O Leicester promete voltar a ser um dos grandes animadores da época. Será a quarta temporada do português Ricardo Pereira nos “foxes”, depois de uma época de 2020/21 em que foi afetado por uma grave lesão. Como já foi referido, o Leicester entrou em grande estilo com a conquista da Supertaça inglesa.
O treinador Brendan Rodgers conta com dois reforços de peso: o ponta de lança Patson Daka, cujo passe foi adquirido ao RB Leipzig por 30 milhões de euros, e o médio defensivo Boubakary Soumaré, proveniente do Lille e que custou 20 milhões de euros. As estrelas da companhia continuam a ser o médio ofensivo James Maddison e o ponta de lança Jamie Vardy.
Como tem sido habitual, os portugueses vão seguir com grande interesse a prestação do Wolverhampton. A “armada” lusa para 2021/22 é constituída por nove elementos, com José Sá a substituir Rui Patrício (reforçou a AS Roma de José Mourinho) e Trincão a juntar-se ao plantel agora orientado por Bruno Lage. Os outros sete portugueses já lá estavam em 2020/21: Nélson Semedo, Rúben Neves, João Moutinho, Bruno Jordão, Pedro Neto, Daniel Podence e Fábio Silva.
Esta edição da Premier League conta, para já, com 22 futebolistas portugueses. Para lá dos que já foram referidos, fazem parte dos plantéis André Gomes e João Virgínia (Everton), Xande Silva (West Ham) e Domingos Quina (Watford).
Watford que é um dos três clubes provenientes do segundo escalão, juntamente com Norwich (que tal como o Watford esteve apenas uma temporada ausente da competição) e Brentford, que já não sabia o que era estar nestas andanças há 74 anos.
Por fim, de referir que na Premier League passam a ser aceites nove suplentes na ficha de jogo a partir desta época, à semelhança do que acontece nos principais campeonatos europeus.
Irá o City renovar o títúlo da Premier League, ou os rivais vão ser mais fortes?