Quando Jimmy Butler foi trocado para os Golden State Warriors, a 8 de fevereiro de 2025, poucos esperavam que o impacto fosse tão imediato e significativo. Afinal, tratava-se de um veterano de 35 anos, vindo de um divórcio conturbado com os Miami Heat e um longo historial de conflitos com vários treinadores e dirigentes. Mas a verdade é que, em poucas semanas, o veterano extremo trouxe uma mudança tática e mental que revitalizou a equipa de Steph Curry e reavivou a esperança de voltar a lutar por um título na NBA, competição que podes acompanhar no site Betano.pt, onde tens também a oportunidade de fazer as tuas apostas e assistir aos jogos em direto através do Livestream.

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Desde a sua chegada, os Warriors registam o segundo melhor desempenho da NBA, com 14 vitórias e apenas duas derrotas (14-1 nos jogos em que Butler participou), apenas atrás dos Cleveland Cavaliers no mesmo período. O saldo entre pontos marcados e sofridos por 100 posses de bola disparou para +12.4 nesse bloco de cinco semanas, evidenciando uma evolução impressionante das eficiências ofensiva e defensiva. Esta melhoria coloca os Warriors no top-6 da Conferência Oeste, garantindo, para já, um lugar de acesso direto aos playoffs.

Uma solução para os minutos sem Steph Curry

Mais do que os números individuais — 16.4 pontos, 5.7 ressaltos e 5.9 assistências por jogo — Butler trouxe aos Warriors mais estabilidade. A parceria com Draymond Green tornou a defesa dos Warriors mais agressiva e disciplinada, enquanto no ataque ajudou a equipa a ser mais eficiente, passando de uma das piores equipas da liga em idas para a linha de lance livre para o top-3. A fluidez ofensiva também aumentou significativamente. Os Warriors registam agora uma taxa de assistências de 74.5%, a mais alta da NBA, reflexo de uma melhor movimentação de bola e criação de lançamentos de qualidade, fruto de uma melhor gestão da posse de bola, consequência da redução no ritmo de jogo que o estilo metódico e cerebral de Butler impõe.

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A amostra de 16 jogos revela ainda que o ex-Heat ajudou a resolver um dos problemas crónicos da equipa nos últimos anos: o desempenho coletivo nos minutos sem Steph Curry em campo. Antes da troca, esta época, os Warriors tinham um diferencial de -90 nesses minutos, mas desde a troca esse valor é de +33. O treinador Steve Kerr tem testado vários cincos e as formações mais eficientes combinam “Jimmy Buckets” com bons atiradores, como Buddy Hield e Moses Moody, e defensores versáteis, como Draymond Green e Gary Payton II. Resultado? Quando Butler está em campo sem Steph, o saldo da equipa entre pontos marcados e sofridos é de +17.4 por cada 100 posses de bola, um indicador claro de que a equipa não só sobrevive sem a sua superestrela, como consegue impor-se perante os adversários.

Efeito libertador para Curry e Green

Se no passado os Warriors dependiam quase exclusivamente da criação de Curry, a chegada de Butler veio aliviar essa carga. O base tem agora mais oportunidades para jogar sem bola e beneficiar da atenção que Butler atrai das defesas adversárias. Os números falam por si: desde a troca, Curry tem médias de 28.6 pontos por jogo, com 41.4% de acerto nos triplos e 92.1% da linha de lance livre. Outro aspeto que se destaca é a eficácia nas finalizações perto do cesto, onde converte 70% das tentativas, a segunda melhor marca da sua carreira. Com Butler a assumir parte da criação de jogo, o ataque de Golden State tornou-se menos dependente dos lançamentos exteriores de Steph.

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Na defesa, Draymond Green tem sido um dos grandes beneficiados. Com Butler a assumir a marcação dos extremos mais físicos, Green tem mais liberdade para coordenar a defesa e antecipar jogadas a partir de posições de ajuda. Os números comprovam essa evolução: desde a troca, os Warriors apresentam a segunda melhor eficiência defensiva de toda a NBA, e a dupla Butler-Green já está entre as melhores da liga em turnovers forçados e deflexões. O próprio Steve Kerr destacou a competitividade de Jimmy Butler e a sua capacidade de levar a equipa para um “jogo mais feio”, algo que Golden State perdeu desde a saída de Andre Iguodala.

“Playoff Jimmy” para um regresso às Finais?

Butler já demonstrou ser um dos jogadores mais dominantes da liga na fase a eliminar, com várias atuações históricas que lhe valeram a alcunha de “Playoff Jimmy”. Se conseguir replicar esse nível nos Warriors, a troca pode ser lembrada como uma das melhores aquisições de sempre a meio da temporada. Casos semelhantes no passado incluem Clyde Drexler nos Houston Rockets em 1995, Rasheed Wallace nos Detroit Pistons em 2004 e Marc Gasol nos Toronto Raptors em 2019 – todas trocas que acabaram por levar essas equipas ao título.

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Mas será que esta versão dos Warriors pode realmente lutar pelo troféu? Se a defesa mantiver o nível de elite e Steph Curry continuar a jogar com esta eficiência, a equipa será um dos maiores perigos no Oeste. No entanto, há desafios pela frente: a falta de profundidade do plantel e a ausência de centímetros no jogo interior podem ser obstáculos significativos contra equipas como os Denver Nuggets ou os Oklahoma City Thunder.

Golden State apostou tudo em Jimmy Butler para dar a Steph Curry mais uma oportunidade de chegar à glória. O impacto imediato do extremo é inegável, mas a verdadeira medida do seu valor só será conhecida nesse “bicho” diferente que são os playoffs. A construção de um campeão não se faz apenas com talento e boas intenções, mas se Butler, Curry e Green conseguirem levar esta equipa até ao título, os Warriors terão conseguido algo que muitos julgavam impossível: reinventar-se uma última vez.

Por Ricardo Brito Reis

Comentador de NBA na Sport TV
Fundador do Borracha Laranja
Host do podcast Bola ao Ar