Desde que Donovan Mitchell chegou a Cleveland, em 2022, os Cavaliers assumiram um objetivo claro: conquistar o título da NBA sem depender de LeBron James. A troca que trouxe Mitchell para se juntar a um núcleo promissor — Evan Mobley, Darius Garland e Jarrett Allen — foi um “all-in” ambicioso, que não deixava margem para dúvidas. Contudo, o caminho para o sucesso raramente é linear. Após duas temporadas de altos e baixos, os Cavs estão, finalmente, a cumprir o seu potencial na NBA, competição que podes acompanhar no site da Betano.pt, onde tens também a oportunidade de fazer as tuas apostas e assistir aos jogos em direto através do Livestream.

Com mais de metade da época 2024725 concluída, os Cavs lideram a conferência Este com o segundo melhor registo de toda a liga: 37 vitórias e apenas 9 derrotas. Como é que uma equipa que não fez grandes movimentações na offseason conseguiu transformar-se numa das forças dominantes da NBA? A resposta está numa combinação de fatores, incluindo uma filosofia de jogo renovada, uma defesa consistente e, acima de tudo, uma cultura de confiança e união.

Kenny Atkinson, o arquiteto

A chegada de Kenny Atkinson ao comando técnico dos Cavaliers representou uma mudança de paradigma. Reconhecido pela sua capacidade de desenvolver jogadores e implementar sistemas ofensivos modernos, que aperfeiçoou nos três anos como adjunto de Steve Kerr nos Golden State Warriors, Atkinson trouxe uma abordagem transformadora para Cleveland, promovendo um estilo de jogo mais rápido, incentivando transições e lançamentos abertos, o que permite aos Cavs jogar com maior leveza e fluidez.

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O segredo é simples, mas poderoso: confiança. Atkinson já referiu várias vezes que procura áreas de crescimento em cada atleta e o treinador dá aos jogadores liberdade para errar, aprender e crescer, o que está a ser determinante para desbloquear o potencial de nomes como Evan Mobley e Darius Garland.

Mais Mobley, menos Mitchell

Um dos principais beneficiários desta abordagem é Evan Mobley. O jovem poste, que já era um defensor de elite, deu um salto ofensivo significativo esta temporada. Mobley tem estado mais agressivo no ataque, com mais toques na bola e no papel de facilitador em jogadas que criam movimento constante e espaçamento. Isto permite que Garland e Donovan Mitchell explorem mais o jogo sem bola, o que eleva a eficiência ofensiva da equipa a novos patamares.

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Da mesma forma, não se pode ignorar o papel de Donovan Mitchell nesta evolução. Num movimento raro para uma estrela da sua magnitude, “Spida” assumiu um papel de menor protagonismo propositado, com o objetivo de empoderar os colegas de equipa, especialmente Garland, que está a ter uma época de carreira na eficácia de lançamento. Os Cavs tornaram-se menos heliocêntricos, e Mitchell abraçou o jogo sem bola, revelando uma capacidade de reconhecer quando liderar e quando recuar, o que o tornou num catalisador silencioso do sucesso coletivo.

Química, profundidade e liberdade

Um dos grandes trunfos de Cleveland é a continuidade do plantel. Jogadores como Isaac Okoro, Caris LeVert e Ty Jerome têm papéis bem definidos e contribuem de forma decisiva, enquanto atletas com menos tempo de jogo, como Sam Merrill, ex-colega do português Neemias Queta na universidade de Utah State, conseguem deixar a sua marca. E nomes como Dean Wade e Georges Niang complementam o núcleo com o chamado “trabalho sujo” que dá equilíbrio à equipa.

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A profundidade do conjunto do estado do Ohio, aliada a uma gestão inteligente da rotação por parte do treinador, assegura que os Cavaliers consigam manter um elevado nível de intensidade ao longo dos jogos, mesmo nos momentos em que as principais figuras estão a descansar. Onze jogadores do plantel têm uma média de utilização superior a 18 minutos por jogo, o que reflete a confiança do técnico em todo o grupo.

E agora?

Com uma cultura sólida, um treinador que prima pela inovação e um núcleo jovem em ascensão, os Cavaliers não querem ser apenas uma sensação momentânea, mas a grande questão permanece: conseguirão manter este nível nos playoffs? A história da NBA está cheia de equipas que dominaram a fase regular, mas não traduziram isso em sucesso na pós-temporada. Apesar de todo o brilho ofensivo e da solidez defensiva dos gigantes Mobley e Allen, os Cavaliers têm um backcourt de baixa estatura que pode ser explorado defensivamente na fase a eliminar da competição.

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Ainda assim, estes Cavs apresentam características que os diferenciam. Não dependem de apenas uma estrela nem de um estilo de jogo unidimensional. São uma equipa profunda, versátil e, acima de tudo, bem treinada. Pode ser cedo para coroar Cleveland como favorito ao título — é preciso respeitar os atuais campeões Boston Celtics e a equipa com o melhor registo da liga, os Oklahoma City Thunder. Mas é inegável que os Cavs estão a provar que o sucesso na NBA vai além do talento. Trata-se de como cada peça encaixa no puzzle. E, neste momento, o puzzle em Cleveland está quase perfeito.

Por Ricardo Brito Reis

Comentador de NBA na Sport TV
Fundador do Borracha Laranja
Host do podcast Bola ao Ar