Um está a protagonizar a temporada mais eficiente da carreira, enquanto lidera um núcleo jovem a mais de 60 vitórias e ao melhor registo da NBA. O outro está a orquestrar uma sinfonia estatística sem precedentes, a carregar uma equipa órfã de estrelas para a elite do Oeste e a assinar, aos 30 anos, aquela que talvez seja a sua obra-prima. Shai Gilgeous-Alexander e Nikola Jokić estão a disputar a corrida ao prémio de MVP mais equilibrada da memória recente, colocando adeptos e media a questionar o que significa ser o jogador mais valioso da liga norte-americana, competição que podes acompanhar no site Betano.pt, onde tens também a oportunidade de fazer as tuas apostas e assistir aos jogos em direto através do Livestream.

A ascensão de Shai

Shai Gilgeous-Alexander está a viver a sua primeira investida séria rumo ao trono de MVP e está a fazê-lo com um misto raro de compostura e capacidade técnica. Aos 26 anos, é o líder de um dos plantéis mais jovens da NBA, elevando os Oklahoma City Thunder a uma superpotência competitiva com um Net Rating (diferença entre eficiência ofensiva e defensiva) de +12.3 pontos, o melhor registo desde que existe play-by-play, na época 1996-97. O que começou como uma aposta de futuro tornou-se rapidamente numa realidade presente e, desde que chegou de Los Angeles, como peça da troca que levou Paul George para os Clippers, Shai tem-se refinado como marcador de pontos, facilitador e até defensor. Mas esta temporada, tudo se alinhou a seu favor.

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Com médias de 32.6 pontos, 5.0 ressaltos e 6.4 assistências em 63.7% de eficácia real de lançamento – a True Shooting Percentage é uma métrica avançada que mede a eficiência tendo em conta todos os tipos de lançamentos -, Shai entrou numa lista restrita a Michael Jordan, James Harden e Luka Dončić, e fá-lo com maior eficiência do que qualquer um desses nomes nas suas temporadas de referência. É um especialista da meia distância e converte pontos nos três níveis (triplo, meia distância e lance livre) com uma regularidade impressionante. Acrescente-se uma presença disruptiva na melhor defesa da liga — o base está no top-5 em roubos de bola — e temos uma superestrela completa.

Com ele em campo, os Thunder dominam: +16.2 pontos por cada 100 posses de bola. OKC também vence os minutos sem Shai (+6.0), o que diz tanto sobre a qualidade do plantel como sobre o trabalho que o canadiano já fez ao elevar o nível competitivo. Lidera a NBA em jogos com 20, 30, 40 e 50 pontos. Assinou quatro jogos com 50 ou mais pontos e apenas uma vez ficou abaixo dos 20, em 75 partidas disputadas. A sua candidatura tem volume, eficiência e… narrativa. Nunca venceu, lidera a melhor equipa da NBA, e é um dos rostos da próxima geração. Não surpreende que a imprensa esteja rendida.

A consagração de Jokić

Nikola Jokić está a fazer história. Não uma história qualquer, mas a sua história definitiva. A narrativa seria quase poética se não fosse estatisticamente absurda. Aos 30 anos, e com três MVPs e um anel no currículo, o poste sérvio está a protagonizar aquela que pode muito bem ser a temporada mais completa da era das métricas avançadas. Top-3 da NBA em pontos, ressaltos, assistências e roubos por jogo. Média de triplo-duplo com eficácia incrível (66.5% de True Shooting Percentage). E exibições que desafiam a lógica, como os 61-10-10 contra os Minnesota Timberwolves ou os 31-21-22 numa sexta-feira banal de março.

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Mas onde Jokić realmente se separa do resto é no impacto coletivo. Quando está em campo, os Nuggets têm um diferencial médio de +11.0 pontos por 100 posses de bola. Quando sai, caem para -9.7. É um desvio de quase 21 pontos — o maior da liga. O site Cleaning the Glass estima que Jokić gerou 45 vitórias adicionais esta temporada. Isso mesmo: quarenta e cinco. Sem ele, os Nuggets seriam uma equipa de lotaria. Com ele, são um candidato legítimo ao título. E tudo isto num contexto em que as suas principais ajudas — Jamal Murray, Aaron Gordon, Michael Porter Jr. — oscilam entre o irregular e o ausente.

Na defesa, passou de fragilidade a peça táctica preciosa. Líder em deflexões entre todos os postes da liga, consegue figurar no topo das métricas defensivas avançadas graças a um cérebro com memória fotográfica. Antecipar jogadas tornou-se um hábito; cortar linhas de passe com os pés — literalmente — é a sua arte. Os seus mais de 120 toques com os pés desde 2020 dizem tudo. Há quem veja batota. Outros vêem (mais um traço de) genialidade.

Definir valor em contextos diferentes

Comparar o impacto dos dois é um exercício em contextos distintos e incomparáveis. Shai eleva uma máquina bem oleada a um nível histórico. Jokić transforma uma equipa comum numa das melhores do campeonato. Sem Shai, os Thunder mantêm um diferencial positivo. Sem Jokić, os Nuggets colapsam. Shai é o catalisador da excelência. Jokić é o motor de arranque, a direção e o travão de mão. Todas as estatísticas globais os colocam lado a lado. EPM, BPM, RAPTOR — escolham a sigla ou o acrónimo. O sérvio lidera em impacto por posse. O canadiano compensa com durabilidade e produção acumulada.

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A pergunta que mais tem sido feita, no entanto, não é “quem jogou melhor?”, mas sim “quem deve ser premiado agora?”. Jokić carrega o peso do passado recente: três MVPs nos últimos quatro anos, campeão em 2023. Um quarto prémio sem regresso às Finais seria um precedente quase inédito. E o cansaço dos votantes, mesmo que possa ser injusto, é real. Shai, pelo contrário, representa a novidade. A era que se abre. O futuro tornado presente. E assim, esta não é apenas uma corrida ao MVP. É um referendo ao próprio conceito de valor. No fim, o que está em jogo não é apenas um troféu — é o critério com que medimos a grandeza.

Por Ricardo Brito Reis

Comentador de NBA na Sport TV
Fundador do Borracha Laranja
Host do podcast Bola ao Ar